Monday, December 11, 2006

gota

Gota

A gota é um distúrbio caracterizado por crises repentinas e recorrentes de uma artrite muito dolorosa causada por depósitos de cristais de urato monossódico, os quais acumulam-se nas articulações devido a um um nível anormalmente elevado de ácido úrico no sangue (hiperuricemia). Após crises repetidas, a inflamação articular pode tornar-se crônica e deformante, Aproximadamente 20% dos indivíduos com gota apresentam cálculos renais (pedras nos rins). Normalmente, existe uma determinada quantidade de ácido úrico, um subproduto da degradação celular, no sangue, pois o organismo continuamente destrói e forma novas células e os alimentos mais comuns contêm precursores do ácido úrico.

O nível de ácido úrico aumenta de forma anormal quando os rins não conseguem eliminar uma quantidade suficiente na urina. O organismo também pode produzir quantidades muito grandes de ácido úrico devido a uma anormalidade enzimática hereditária ou à presença de uma doença, como o câncer do sangue, o qual se caracteriza pela multiplicação e destruição rápida das células. Alguns tipos de doença renal e certas drogas comprometem a capacidade dos rins de eliminar o ácido úrico.

Sintomas

As crises de gota (artrite gotosa aguda) ocorrem repentinamente. Elas podem ser desencadeadas por uma lesão insignificante, por uma cirurgia, pelo consumo de grandes quantidades de bebidas alcoólicas ou de alimentos ricos em proteínas, pela fadiga, pelo estresse emocional ou por uma doença. Geralmente, o indivíduo apresenta uma dor intensa e repentina em uma ou mais articulações, freqüentemente à noite.

A dor apresenta uma piora progresssiva e, comumente, é excruciante. A articulação aumenta de volume e a a pele sobre a articulação torna- se vermelha ou arroxeada, tensa, brilhante e quente. A palpação da pele sobre a articulação pode ser extremamente dolorosa. Esse distúrbio mais freqüentemente afeta a articulação da base do primeiro pododáctilo (dedão do pé), produzindo um quadro denominado podagra. No entanto, ele também afeta o dorso dos pés, os tornozelos, os joelhos, os punhos e os cotovelos.

Os cristais podem formar-se nessas articulações periféricas porque elas são mais frias que a parte central do corpo e os uratos tendem a cristalizar em temperaturas mais baixas. Também pode ocorrer a formação de cristais nas orelhas e em outros tecidos relativamente frios. A gota raramente afeta a coluna vertebral, os quadris ou os ombros. Outros sintomas da artrite gotosa aguda incluem a febre, calafrios, mal-estar generalizado e aceleração dos batimentos cardíacos. A gota tende a ser mais grave nos indivíduos que apresentam sintomas antes dos 30 anos.

É comum ela afetar homens de meia-idade e mulheres na pós-menopausa. Geralmente, as primeiras crises afetam apenas uma articulação e duram alguns dias. Os sintomas desaparecem gradualmente, a articulação recupera sua função e o indivíduo permanece assintomático até a crise seguinte. No entanto, quando o distúrbio evolui, as crises não tratadas duram mais tempo, são mais freqüentes e afetam várias articulações. As articulações atingidas podem tornar-se permanentemente lesadas. O indivíduo pode apresentar uma gota crônica grave que provoca deformações.

Os cristais de urato que são continuamente depositados nas articulações e nos tendões causam uma lesão que limita cada vez mais os movimentos articulares. Nódulos duros de cristais de urato (tofos) são depositados sob a pele ao redor das articulações. Também pode ocorrer a formação de tofos gotosos nos rins e em outros órgãos, sob a pele das orelhas ou ao redor dos cotovelos. Sem um tratamento adequado, os tofos das mãos e dos pés podem romper e eliminar uma massa esbranquiçada de cristais.

Diagnóstico

A gota costuma ser diagnosticada baseando-se nos sintomas característicos e em um exame da articulação. Um nível elevado de ácido úrico no sangue auxilia no diagnóstico. No entanto, o nível de ácido úrico freqüentemente encontra-se normal durante uma crise aguda. O diagnóstico é confirmado através da identificação de cristais de urato, os quais possuem um formato de agulha, em uma amostra de líquido sinovial que é coletado através de uma punção articular com agulha e é examinado em um tipo especial de microscópio (com luz polarizada).

Tratamento

O primeiro passo é o alívio da dor através do controle da inflamação. O tratamento tradicional é a administração de colchicina. Geralmente, as dores articulares começam a diminuir após12 a 24 horas de tratamento com colchicina e desaparecem totalmente em 48 a 72 horas. Comumente, a colchicina é administrada pela via oral, mas, quando ela acarretar efeitos colaterais no trato digestivo, ela pode ser administrada pelar via intravenosa. A colchicina freqüentemente causa diarréia e pode provocar efeitos colaterais graves como, por exemplo, a lesão da medula óssea.

Atualmente, os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs), como o ibuprofeno e a indometacina, são utilizados com maior freqüência que a colchicina, aliviando com sucesso a dor e o edema articular. Algumas vezes, são prescritos corticosteróides ( p.ex., prednisona) com os mesmos objetivos. Quando apenas uma ou duas articulações forem afetadas, é possível se realizar a injeção de uma suspensão de cristais de corticosteróide através da mesma agulha utilizada para a remoção do líquido sinovial. Esse tratamento realmente elimina a inflamação causada pelos cristais de urato. Outros analgésicos, como a codeína e a meperidina, são raramente utilizados para o controle da dor.

A articulação inflamada pode ser imobilizada para reduzir a dor. O segundo passo consiste na prevenção de recorrências. A ingestão de uma grande quantidade de líquido, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e consumir menos alimentos ricos em proteínas são medidas que costumam produzir bons resultados. Muitos indivíduos com gota apresentam excesso de peso e, quando eles emagrecem, o nível de ácido úrico no sangue geralmente retorna ao normal ou a um nível próximo da normalidade. Para alguns indivíduos – especialmente para aqueles que apresentam crises repetidas e graves – o tratamento medicamentoso prolongado é iniciado quando os sintomas da crise desaparecerem e ele é continuado entre as crises. Doses baixas de colchicina podem ser administradas diariamente, podendo evitar crises ou pelo menos diminuir a sua freqüência.

O uso rotineiro de antiinflamatórios não esteróides também pode evitar algumas crises. Algumas vezes, é necessária a administração concomitante de colchicina e de um antiinflamatório não esteróide. Entretanto, essa combinação não evita e também não cura a lesão articular progressiva causada pelos depósitos de cristais e ela apresenta alguns riscos para os indivíduos que apresentam uma doença renal ou hepática. Medicamentos como o probenecide ou a sulfimpirazona reduzem o nível de ácido úrico no sangue, pois eles aumentam a excreção de ácido úrico na urina.

A aspirina bloqueia os efeitos do probenecide e da sulfimpirazona e, por essa razão, ela não deve ser utilizada junto com esses medicamentos. Quando é necessária a administração de uma medicação analgésica, o acetaminofeno ou um antiinflamatório nãoesteróide ( p.ex., ibuprofeno) podem ser utilizados em seu lugar. A ingestão de grande quantidade de líquidos – pelo menos três litros por dia – pode ajudar a reduzir o risco de lesões articulares e renais quando a excreção de ácido úrico é aumentada. O alopurinol, um medicamento que bloqueia a produção de ácido úrico no organismo, é particularmente útil para os indivíduos com hiperuricemia e cálculos renais ou lesão renal.

No entanto, o alopurinol pode causar problemas gástricos, pode diminuir o número de leucócitos e pode causar lesão hepática. O tamanho da maioria dos tofos gotosos localizados nas orelhas, mãos ou pés diminui lentamente quando o nível de ácido úrico no sangue diminui. No entanto, os tofos muito grandes podem ter que ser removidos cirurgicamente. Os indivíduos que apresentam um nível elevado de ácido úrico no sangue e são assintomáticos algumas vezes são tratados com medicamentos para reduzir esse nível. No entanto, por causa do risco de efeitos adversos causados por essas drogas, o seu uso não é justificado, exceto quando a quantidade de ácido úrico na urina for muito grande. Para esses indivíduos, o tratamento com alopurinol pode prevenir a formação de cálculos renais.

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Pseudogota

A pseudogota (doença da deposição de pirofosfato de cálcio dihidratado) é um distúrbio caracterizado por crises intermitentes de artrite dolorosa causada por depósitos de cristais de pirofosfato de cálcio. O distúrbio geralmente ocorre em indivíduos idosos e afeta igualmente os homens e as mulheres. Em última instância, a pseudogota provoca degeneração das articulações afetadas.

Causas e Sintomas

A causa da pseudogota é desconhecida. Ela pode ocorrer em indivíduos com outras doenças como, por exemplo, um nível anormalmente elevado de cálcio no sangue causado por um nível elevado de hormônio da paratireóide (hiperparatireoidismo), um nível anormalmente elevado de ferro nos tecidos (hemocromatose) ou um nível anormalmente baixo de magnésio no sangue (hipomagnesemia). Os sintomas variam bastante.

Alguns indivíduos apresentam crises de artrite dolorosa, comumento atingindo os joelhos, os punhos ou outras articulações relativamente grandes. Outros indivíduos apresentam uma dor crônica e prolongada e rigidez articular nos membros superiores e inferiores. O médico pode confundir o quadro com a artrite reumatóide. Comumente, as crises agudas são menos graves que as da gota. Alguns indivíduos não sentem dor entre as crises e outros nunca sentem dor apesar dos grandes depósitos de cristais.

Diagnóstico e Tratamento

A pseudogota freqüentemente é confundida com outros distúrbios articulares, especialmente com a gota. O diagnóstico é realizado através do exame de uma amostra de líquido sinovial que é feita com o auxílio de uma agulha. Cristais compostos de pirofosfato de cálcio, e não de urato, são observados no líquido sinovial. As radiografias também podem ajudar no estabelecimento do diagnóstico, pois os cristais de pirofosfato de cálcio, ao contrário dos cristais de urato, bloqueiam os raios X e aparecem nas radiografias como depósitos brancos. Geralmente, o tratamento pode interromper as crises agudas e impedir novas crises, mas não consegue evitar as lesões das articulações afetadas.

Mais freqüentemente, os antiinflamatórios não esteróides (AINEs), como o ibuprofeno, são utilizados para reduzir a dor e a inflamação. Oca- sionalmente, a colchicina pode ser administrada pela via intravenosa para aliviar a inflamação e a dor durante as crises. Ela também pode ser administrada pela via oral em doses baixas diárias para evitar as crises. Algumas vezes, o acúmulo excessivo de líquido sinovial é drenado e, em seguida, com o objetivo de reduzir a inflamação, é injetada na articulação uma suspensão de cristais de um corticosteróide. Não existe um tratamento prolongado disponível para remover os cristais.



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