Prevenção em psiquiatria
Estudos apontam a importância do acompanhamento intensivo para a prevenção de recaídas e a recuperação da capacidade funcional e social do paciente após a primeira manifestação da psicose
A maioria dos transtornos mais prevalentes inicia-se na adolescência e no começo da vida adulta, com importantes implicações para estratégias de intervenção e modelos de atenção
Por Naylora Troster
Entre os estudos recentes destacamos o tema da prevenção de episódios psicóticos. Selecionamos a recente revisão de estudos de Amminger e colaboradores, que confirma como a maioria dos transtornos mentais mais prevalentes se inicia na adolescência e começo da vida adulta, com importantes implicações para estratégias de intervenção e modelos de atenção. Um estudo italiano interessante, de avaliação do conhecimento de professores secundários sobre psicoses, demonstra, ainda, como esses profissionais podem desempenhar papel importante na detecção precoce e na prevenção de psicoses. A valiosa contribuição de pesquisadores brasileiros na psiquiatria também é apresentada na seção. O artigo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) avalia o impacto de um curso extracurricular de psiquiatria do desenvolvimento na graduação. O trabalho de docentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) avalia a efetividade da entrevista motivacional breve e brochura educativa, aplicadas em prontos-socorros, na redução do abuso e problemas relacionados ao álcool entre os jovens.
Idade de início e tratamento oportuno de transtornos mentais e uso de substância: implicações para estratégias de intervenção e modelos de atenção
McGorry PD, Purcell R, Goldstone S, Amminger GP.
Curr Opin Psychiatry. 2011 Jul;24(4):301-6.
OBJETIVO: Realizar uma revisão de estudos recentes sobre a idade de início dos principais transtornos mentais, com foco em perspectivas de prevenção e intervenção precoce.
ACHADOS: Os estudos revisados confirmam relatos anteriores sobre a idade de início dos principais transtornos mentais. Enquanto os transtornos de conduta e alguns transtornos de ansiedade se iniciam na infância, a maioria dos transtornos de ansiedade, do humor e por uso de substância, com prevalência elevada, aparece durante a adolescência e no início da vida adulta, assim como os transtornos psicóticos. A idade de início precoce está relacionada a duração prolongada de doença mental não tratada e pior evolução clínica e funcional.
RESUMO: Embora a maioria dos transtornos mentais se inicie nas três primeiras décadas de vida, o tratamento efetivo, caracteristicamente, só é introduzido alguns anos mais tarde. Apesar da crescente evidência sugestiva de que a intervenção precoce reduz a gravidade e/ou a persistência do transtorno inicial ou primário e evita transtornos secundários, uma pesquisa adicional é necessária sobre o tratamento apropriado nesses estágios iniciais e seus efeitos de longo prazo, bem como sobre o adequado planejamento de serviços para indivíduos em estágios iniciais de doença mental. Isso significa não apenas o fortalecimento dos sistemas existentes, mas também a construção de novas linhas de cuidado com jovens em transição para a idade adulta.
Por Naylora Troster
Entre os estudos recentes destacamos o tema da prevenção de episódios psicóticos. Selecionamos a recente revisão de estudos de Amminger e colaboradores, que confirma como a maioria dos transtornos mentais mais prevalentes se inicia na adolescência e começo da vida adulta, com importantes implicações para estratégias de intervenção e modelos de atenção. Um estudo italiano interessante, de avaliação do conhecimento de professores secundários sobre psicoses, demonstra, ainda, como esses profissionais podem desempenhar papel importante na detecção precoce e na prevenção de psicoses. A valiosa contribuição de pesquisadores brasileiros na psiquiatria também é apresentada na seção. O artigo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) avalia o impacto de um curso extracurricular de psiquiatria do desenvolvimento na graduação. O trabalho de docentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) avalia a efetividade da entrevista motivacional breve e brochura educativa, aplicadas em prontos-socorros, na redução do abuso e problemas relacionados ao álcool entre os jovens.
Idade de início e tratamento oportuno de transtornos mentais e uso de substância: implicações para estratégias de intervenção e modelos de atenção
McGorry PD, Purcell R, Goldstone S, Amminger GP.
Curr Opin Psychiatry. 2011 Jul;24(4):301-6.
OBJETIVO: Realizar uma revisão de estudos recentes sobre a idade de início dos principais transtornos mentais, com foco em perspectivas de prevenção e intervenção precoce.
ACHADOS: Os estudos revisados confirmam relatos anteriores sobre a idade de início dos principais transtornos mentais. Enquanto os transtornos de conduta e alguns transtornos de ansiedade se iniciam na infância, a maioria dos transtornos de ansiedade, do humor e por uso de substância, com prevalência elevada, aparece durante a adolescência e no início da vida adulta, assim como os transtornos psicóticos. A idade de início precoce está relacionada a duração prolongada de doença mental não tratada e pior evolução clínica e funcional.
RESUMO: Embora a maioria dos transtornos mentais se inicie nas três primeiras décadas de vida, o tratamento efetivo, caracteristicamente, só é introduzido alguns anos mais tarde. Apesar da crescente evidência sugestiva de que a intervenção precoce reduz a gravidade e/ou a persistência do transtorno inicial ou primário e evita transtornos secundários, uma pesquisa adicional é necessária sobre o tratamento apropriado nesses estágios iniciais e seus efeitos de longo prazo, bem como sobre o adequado planejamento de serviços para indivíduos em estágios iniciais de doença mental. Isso significa não apenas o fortalecimento dos sistemas existentes, mas também a construção de novas linhas de cuidado com jovens em transição para a idade adulta.
Avaliação do conhecimento de professores de nível secundário sobre psicoses: uma contribuição à detecção precoce
Masillo A, Monducci E, Pucci D, Telesforo L, Battaglia C, Carlotto A, et al.
Early Interv Psychiatry. 2011 Sep 23.
OBJETIVO: Avaliar o conhecimento de professores de escola secundária sobre psicoses e seu nível de interesse por esse tópico, em razão do papel fundamental que podem desempenhar na detecção precoce desse tipo de transtorno.
MÉTODO: 268 professores de escolas secundárias, localizadas em dois dos cinco distritos de saúde de Roma (Azienda Sanitaria Locale E e A), foram solicitados a responder à versão italiana do questionário Knowledge and Experience of Social Emotional Difficulties Among Young People (Esperienza e Conoscenza delle Difficolto Sociali ed Emotive dei Giovani), que investiga diagnóstico, idade de início, etiologia, prognóstico e tratamento de psicoses. Verificou-se também sua experiência com alunos com quadros compatíveis com o diagnóstico de psicose.
RESULTADOS: A maioria dos professores foi capaz de reconhecer sintomas psicóticos em uma vinheta (relato de caso). Aproximadamente 25% dos professores relataram contato com aluno que aparentava possíveis sintomas de psicose. Os mesmos mestres revelaram ter pouca informação sobre serviços psiquiátricos para jovens, disponíveis na comunidade.
CONCLUSÕES: Este estudo demonstra que os professores de nível secundário podem desempenhar um papel importante em estratégias de detecção precoce e prevenção de psicoses. Os professores revelaram ter bastante interesse na aquisição de conhecimento mais profundo sobre indícios precoces de psicose e na cooperação de um especialista em saúde mental para orientação e suporte, em casos de alunos com transtornos mentais graves.
Masillo A, Monducci E, Pucci D, Telesforo L, Battaglia C, Carlotto A, et al.
Early Interv Psychiatry. 2011 Sep 23.
OBJETIVO: Avaliar o conhecimento de professores de escola secundária sobre psicoses e seu nível de interesse por esse tópico, em razão do papel fundamental que podem desempenhar na detecção precoce desse tipo de transtorno.
MÉTODO: 268 professores de escolas secundárias, localizadas em dois dos cinco distritos de saúde de Roma (Azienda Sanitaria Locale E e A), foram solicitados a responder à versão italiana do questionário Knowledge and Experience of Social Emotional Difficulties Among Young People (Esperienza e Conoscenza delle Difficolto Sociali ed Emotive dei Giovani), que investiga diagnóstico, idade de início, etiologia, prognóstico e tratamento de psicoses. Verificou-se também sua experiência com alunos com quadros compatíveis com o diagnóstico de psicose.
RESULTADOS: A maioria dos professores foi capaz de reconhecer sintomas psicóticos em uma vinheta (relato de caso). Aproximadamente 25% dos professores relataram contato com aluno que aparentava possíveis sintomas de psicose. Os mesmos mestres revelaram ter pouca informação sobre serviços psiquiátricos para jovens, disponíveis na comunidade.
CONCLUSÕES: Este estudo demonstra que os professores de nível secundário podem desempenhar um papel importante em estratégias de detecção precoce e prevenção de psicoses. Os professores revelaram ter bastante interesse na aquisição de conhecimento mais profundo sobre indícios precoces de psicose e na cooperação de um especialista em saúde mental para orientação e suporte, em casos de alunos com transtornos mentais graves.
Educação em psiquiatria do desenvolvimento: resultados preliminares em estudantes de graduação no Brasil
Moraes EM, Scivoletto S, Fossaluza V, Vieira JE, Miguel EC, Alvarenga PG.
Rev Bras Psiquiatr. 2011 Sep;33(3):287-91.
CONTEXTO: Apesar de vital para o reconhecimento precoce, tratamento e prevenção de transtornos mentais, a psiquiatria do desenvolvimento ainda não foi incorporada à grade curricular ou prática psiquiátrica no Brasil.
OBJETIVO: Avaliar o impacto de um curso extracurricular em psiquiatria, do desenvolvimento na graduação e a viabilidade de expansão de políticas de ensino em psiquiatria do desenvolvimento no Brasil.
MÉTODO: Estudantes de graduação em saúde responderam a um questionário composto de 12 questões de múltipla escolha randomizadas para avaliação de conhecimento e de questões destinadas à avaliação de atitudes, antes e após assistirem a um curso de 12 horas, durante quatro dias, sobre fundamentos da psiquiatria do desenvolvimento. A análise estatística incluiu testes não paramétricos de variáveis categóricas ordinais.
RESULTADOS: Em uma amostra final composta de 43 estudantes, verificou-se um desempenho significativamente superior no pós-teste (65,0% vs. 39,9%; p < 0,0001). Atitudes positivas em relação ao curso relacionaram-se a um melhor desempenho. Estudantes do 3º e do 4º ano de medicina apresentaram resultados superiores quando comparados aos do 1º e do 2º ano de medicina e aos estudantes de outras áreas da saúde. Constatou-se melhor desempenho no sexo masculino.
CONCLUSÃO: Este estudo encoraja políticas de ensino em psiquiatria do desenvolvimento que poderão ter implicações clínicas diretas.
Moraes EM, Scivoletto S, Fossaluza V, Vieira JE, Miguel EC, Alvarenga PG.
Rev Bras Psiquiatr. 2011 Sep;33(3):287-91.
CONTEXTO: Apesar de vital para o reconhecimento precoce, tratamento e prevenção de transtornos mentais, a psiquiatria do desenvolvimento ainda não foi incorporada à grade curricular ou prática psiquiátrica no Brasil.
OBJETIVO: Avaliar o impacto de um curso extracurricular em psiquiatria, do desenvolvimento na graduação e a viabilidade de expansão de políticas de ensino em psiquiatria do desenvolvimento no Brasil.
MÉTODO: Estudantes de graduação em saúde responderam a um questionário composto de 12 questões de múltipla escolha randomizadas para avaliação de conhecimento e de questões destinadas à avaliação de atitudes, antes e após assistirem a um curso de 12 horas, durante quatro dias, sobre fundamentos da psiquiatria do desenvolvimento. A análise estatística incluiu testes não paramétricos de variáveis categóricas ordinais.
RESULTADOS: Em uma amostra final composta de 43 estudantes, verificou-se um desempenho significativamente superior no pós-teste (65,0% vs. 39,9%; p < 0,0001). Atitudes positivas em relação ao curso relacionaram-se a um melhor desempenho. Estudantes do 3º e do 4º ano de medicina apresentaram resultados superiores quando comparados aos do 1º e do 2º ano de medicina e aos estudantes de outras áreas da saúde. Constatou-se melhor desempenho no sexo masculino.
CONCLUSÃO: Este estudo encoraja políticas de ensino em psiquiatria do desenvolvimento que poderão ter implicações clínicas diretas.
Intervenção motivacional breve e brochura educacional em pronto-socorro para adolescentes e adultos jovens com problemas relacionados ao álcool: um ensaio clínico simples-cego randomizado
Segatto ML, Andreoni S, Silva RS, Diehl A, Pinsky I.
Rev Bras Psiquiatr. [online]. Mar 11, 2011.
OBJETIVO: Avaliar a efetividade da entrevista motivacional breve e de uma brochura educativa aplicadas em prontos-socorros para reduzir o abuso e problemas relacionados ao álcool entre os jovens.
MÉTODO: Um ensaio clínico randomizado simples-cego com três meses de seguimento foi realizado em três prontos-socorros, de outubro de 2004 a novembro de 2005, com indivíduos de 16 a 25 anos tratados de eventos relacionados ao álcool até seis horas após o consumo. Dados sociodemográficos, quantidade, frequência e consequências negativas, motivação para mudanças de hábitos e percepção dos riscos para o consumo de álcool foram avaliados. A análise estatística foi realizada em indivíduos que completaram o seguimento. Modelo de ANCOVA foi utilizado para analisar a diferença entre os grupos de intervenção, com nível de significância estatística α = 5% e intervalo de confiança (IC) de 95%.
RESULTADOS: 186 indivíduos formaram a amostra inicial, sendo n = 175 incluídos e randomizados para brochura educativa (n = 88) ou grupo entrevista motivacional breve (n = 87). O seguimento de avaliação foi realizado em 85,2% da amostra. Não foi observada diferença significativa entre os grupos. No entanto, uma redução significativa (p < 0,01) em problemas relacionados ao abuso de álcool foi encontrada em ambos os grupos.
CONCLUSÃO: Nesta amostra, a redução do abuso de álcool e problemas relacionados foi observada. Dados preliminares indicam que os ensaios clínicos controlados com entrevista motivacional breve, brochura educativa e não intervenção deveriam ser de futuro interesse entre a população adolescente brasileira.
Segatto ML, Andreoni S, Silva RS, Diehl A, Pinsky I.
Rev Bras Psiquiatr. [online]. Mar 11, 2011.
OBJETIVO: Avaliar a efetividade da entrevista motivacional breve e de uma brochura educativa aplicadas em prontos-socorros para reduzir o abuso e problemas relacionados ao álcool entre os jovens.
MÉTODO: Um ensaio clínico randomizado simples-cego com três meses de seguimento foi realizado em três prontos-socorros, de outubro de 2004 a novembro de 2005, com indivíduos de 16 a 25 anos tratados de eventos relacionados ao álcool até seis horas após o consumo. Dados sociodemográficos, quantidade, frequência e consequências negativas, motivação para mudanças de hábitos e percepção dos riscos para o consumo de álcool foram avaliados. A análise estatística foi realizada em indivíduos que completaram o seguimento. Modelo de ANCOVA foi utilizado para analisar a diferença entre os grupos de intervenção, com nível de significância estatística α = 5% e intervalo de confiança (IC) de 95%.
RESULTADOS: 186 indivíduos formaram a amostra inicial, sendo n = 175 incluídos e randomizados para brochura educativa (n = 88) ou grupo entrevista motivacional breve (n = 87). O seguimento de avaliação foi realizado em 85,2% da amostra. Não foi observada diferença significativa entre os grupos. No entanto, uma redução significativa (p < 0,01) em problemas relacionados ao abuso de álcool foi encontrada em ambos os grupos.
CONCLUSÃO: Nesta amostra, a redução do abuso de álcool e problemas relacionados foi observada. Dados preliminares indicam que os ensaios clínicos controlados com entrevista motivacional breve, brochura educativa e não intervenção deveriam ser de futuro interesse entre a população adolescente brasileira.
Condições crônicas e depressão maior em adultos mais velhos residentes na comunidadeFiest KM, Currie SR, Williams JV, Wang J.
J Affect Disord. 2011 Jun;131(1-3):172-8.
OBJETIVOS: Estimar (1) a prevalência de condições médicas de longa duração e de depressão maior comórbida, e (2) as associações entre depressão maior e várias condições médicas crônicas em uma população geral de adultos mais velhos (com mais de 50 anos de idade) e em indivíduos tradicionalmente classificados como seniores (com idade igual ou superior que 65 anos).
MÉTODOS: Dados do Canadian Community Health Survey - Mental Health and Wellbeing (CCHS-1.2) foram analisados e indivíduos não institucionalizados, com idade superior a 15 anos e residentes em dez províncias canadenses, foram selecionados. A amostra total do CCHS-1.2 consistia em 36.894 indivíduos. As amostras para as principais análises deste estudo se restringiram a indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos (n = 15.591). Condições crônicas de saúde foram avaliadas por escala de autoavaliação para diagnóstico médico. O inventário The World Mental Health-Composite Diagnostic Interview(CIDI) foi aplicado para avaliação de episódios de depressão maior, com base em critérios do DSM-IV.
RESULTADOS: A prevalência global de ao menos uma condição crônica nos indivíduos com mais de 50 anos foi de 82,4%, comparada a 62,0% naqueles com menos de 50 anos. A prevalência de um episódio de depressão maior na amostra acima de 50 anos, com uma condição crônica, foi de 3,7% - comparada a 1% dos indivíduos sem uma condição clínica de longa duração. As três principais condições crônicas de saúde em seniores com idade igual ou superior a 65 anos foram artrite/ reumatismo, hipertensão arterial e problemas de coluna. Síndrome da fadiga crônica, fibromialgia e enxaqueca representaram a maior comorbidade com depressão maior na população sênior.
LIMITAÇÕES: O uso de dados autorrelatados em condições crônicas de saúde, potencial superposição de diagnósticos entre condições e a impossibilidade de inferências causais, em razão da natureza transversal da análise, são limitações deste estudo.
CONCLUSÕES: O estudo detectou diferenças entre taxas de condições crônicas e depressão maior na população geral, em adultos mais velhos e em idosos. Pesquisa adicional é necessária para delinear a direção de tais relações em idosos. Medidas de prevenções primária e secundária devem visar idosos que apresentem sintomas depressivos ou condições de saúde crônicas altamente prevalentes.
J Affect Disord. 2011 Jun;131(1-3):172-8.
OBJETIVOS: Estimar (1) a prevalência de condições médicas de longa duração e de depressão maior comórbida, e (2) as associações entre depressão maior e várias condições médicas crônicas em uma população geral de adultos mais velhos (com mais de 50 anos de idade) e em indivíduos tradicionalmente classificados como seniores (com idade igual ou superior que 65 anos).
MÉTODOS: Dados do Canadian Community Health Survey - Mental Health and Wellbeing (CCHS-1.2) foram analisados e indivíduos não institucionalizados, com idade superior a 15 anos e residentes em dez províncias canadenses, foram selecionados. A amostra total do CCHS-1.2 consistia em 36.894 indivíduos. As amostras para as principais análises deste estudo se restringiram a indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos (n = 15.591). Condições crônicas de saúde foram avaliadas por escala de autoavaliação para diagnóstico médico. O inventário The World Mental Health-Composite Diagnostic Interview(CIDI) foi aplicado para avaliação de episódios de depressão maior, com base em critérios do DSM-IV.
RESULTADOS: A prevalência global de ao menos uma condição crônica nos indivíduos com mais de 50 anos foi de 82,4%, comparada a 62,0% naqueles com menos de 50 anos. A prevalência de um episódio de depressão maior na amostra acima de 50 anos, com uma condição crônica, foi de 3,7% - comparada a 1% dos indivíduos sem uma condição clínica de longa duração. As três principais condições crônicas de saúde em seniores com idade igual ou superior a 65 anos foram artrite/ reumatismo, hipertensão arterial e problemas de coluna. Síndrome da fadiga crônica, fibromialgia e enxaqueca representaram a maior comorbidade com depressão maior na população sênior.
LIMITAÇÕES: O uso de dados autorrelatados em condições crônicas de saúde, potencial superposição de diagnósticos entre condições e a impossibilidade de inferências causais, em razão da natureza transversal da análise, são limitações deste estudo.
CONCLUSÕES: O estudo detectou diferenças entre taxas de condições crônicas e depressão maior na população geral, em adultos mais velhos e em idosos. Pesquisa adicional é necessária para delinear a direção de tais relações em idosos. Medidas de prevenções primária e secundária devem visar idosos que apresentem sintomas depressivos ou condições de saúde crônicas altamente prevalentes.
Revista Pesquisa Médica Especial - NeuroCiências - Número 1 - 2012
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