Thursday, November 14, 2013

Chá protege o coração e reduz o risco de câncer

Chá protege o coração e reduz o risco de câncer

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Aparentemente, o chá pode realmente ter efeito cardioprotetor. Além disso, ele pode retardar a progressão de alguns tipos de câncer. Esse é o resultado de estudos realizados por pesquisadores italianos e norte-americanos, publicados no "American Journal of Clinical Nutrition" (AJCN).
Muitos estudos mais antigos já haviam sugerido o efeito positivo sobre a saúde cardíaca e a pressão arterial. Isso foi confirmado por uma equipe de pesquisadores liderados por Claudio Ferri da Universidade de L'Aquila. Eles descobriram que o chá reduz a pressão arterial e equilibra os efeitos negativos das refeições ricas em gorduras sobre a pressão sanguínea e fluxo sanguíneo arterial entre pessoas hipertensas.
Para o estudo, os indivíduos hipertensos consumiram uma refeição gordurosa com aproximadamente um grama de gordura por quilo de peso corporal e, em seguida, beberam uma xícara de chá. O chá impediu a redução da dilatação mediada pelo fluxo (DMF) após a refeição gordurosa. Já em um estudo anterior, os pesquisadores observaram que o chá melhorou a DMF de 7,8% para 10,3% e reduziu a pressão arterial sistólica e diastólica em 2,6 e 2,2 mmHg, respectivamente.
Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh acompanharam o efeito inibidor de câncer dos polifenois no chá verde. Em um estudo duplo cego e controlado por placebo, eles examinaram o efeito da ingestão diária de 600 mg de catequinas de chá verde sobre a progressão do câncer de próstata. Após um ano, o câncer havia progredido em 9% entre os homens tratados com polifenois, comparado a 30% no grupo placebo.

No fim das contas, o chocolate não engorda

No fim das contas, o chocolate não engorda

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As pessoas que gostam de doces podem suspirar de alívio: de acordo com um estudo espanhol, comer chocolate pode não engordar. Pelo contrário, um estudo que incluiu 1.458 adolescentes na Europa revelou o consumo maior de chocolate está associado a um nível mais baixo de gordura corporal, relata a revista científica "Nutrition".
Os resultados vêm de um estudo financiado pela UE chamado HELENA (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in adolescence). Cientistas da Universidade de Granada pesquisaram e analisaram 1.458 adolescentes de 12 a 17 anos em nove países europeus usando diversos métodos.
O estudo mostrou que o consumo maior de chocolate está correlacionado com menos gordura corporal geral e menos gordura abdominal. De acordo com os pesquisadores, fatores como atividade física, sexo, idade, maturação sexual, ingestão calórica total, etc., não tiveram importância.
O chocolate contém muitos flavonoides e catequinas, disse a autora principal, Magdalena Cuenca-Garcia. Eles apresentam uma série de propriedades antioxidantes, antitrombóticas, anti-inflamatórias e anti-hipertensivas, e, assim, ajudam a prevenir uma série de doenças cardíacas isquêmicas. Além disso, eles também afetam a produção de cortisol e a sensibilidade à insulina, ambos relacionados com a regulação do peso – que é como os pesquisadores explicam o efeito sobre a gordura corporal.
A Dra. Cuenca-Garcia alertou, no entanto, contra o consumo excessivo de chocolates: "Em quantidades moderadas, o chocolate pode fazer bem, como nosso estudo demonstrou. Mas não há dúvidas de que o consumo excessivo é prejudicial. Como se diz por aí: o bom pode ser demais".

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Wednesday, August 07, 2013

Física maluca: cientistas estudam criação de líquido que não é líquido

Material simulado em laboratório continua líquido mesmo em temperaturas muito baixas, mas se comporta de maneira similar aos sólidos.
Por Felipe Arruda em 07/08/2013
Fonte da imagem: WikipediaFísica maluca: cientistas estudam criação de líquido que não é líquido
Ao baixar demais a temperatura, muitos materiais se tornam um cristal sólido. Pelo menos é isso que preveem as teorias da Física tradicional. Porém, a regra pode ter exceções, já que dois cientistas acreditam ter encontrado um líquido que, apesar de seu estado fluido, acaba sendo mais estável do que um cristal sólido.
O experimento, detalhado no periódico científico “Nature Physics”, apresentou um modelo puramente computacional desse líquido curioso, mas que pode oferecer algumas ideias novas sobre o processo de formação de cristais, assim como evitar que eles se formem ou, então, fazer com que eles não tenham uma forma definida.

Como fazer um líquido que não é líquido?

Para construir esse material bizarro, cientistas começaram a experiência com um coloide, ou seja, um líquido que possui pequenas partículas suspensas. Um exemplo clássico de coloide é o leite, que apesar de ser construído praticamente por água, tem coloração, gosto e consistência alterados por causa das inúmeras partículas de gordura e proteína que flutuam na mistura.
Entretanto, o leite congela. Porém, se as moléculas de um coloide se organizarem de maneira específica, a cristalização não acontece e o material adquire uma forma estável e que parece sólida, mas que tem a estrutura molecular de um líquido.
Usando moléculas com quatro ligações em um modelo computacional, os cientistas perceberam que a cristalização acontece rapidamente caso essas ligações sejam rígidas. Quando flexibilizadas, as ligações continuam desordenadas e criam aglomerações granulosas. Caso a temperatura continue baixando, o material se torna um vidro, com moléculas desordenadas e que formam uma espécie de sólido amorfo.

Moléculas flexíveis

Basicamente, as moléculas com ligações flexíveis se comportam dessa forma por causa de duas forças competindo no líquido enquanto ele esfria: energia e entropia, que é uma medida de quão desordenado um sistema parece. Em líquidos, as moléculas estão dispostas aleatoriamente, enquanto que em cristais elas estão agrupadas em determinados padrões.
Quando a temperatura cai, as moléculas começam a se organizar para que gastem cada vez menos energia. Sendo assim, a entropia diminui quando a água congela. Já as moléculas de um coloide com ligações flexíveis possuem outras formas de se conectar entre elas, com muito mais possibilidade de se agruparem de quatro em quatro e, mesmo assim, formarem uma estrutura desordenada.
O resultado acaba sendo um líquido que se comporta como sólido. E apesar de tudo ter sido feito em um computador, o cientistas Frank Smallenburg, da Universidade Sapienza, em Roma, declara que o software descreve sistemas reais, e cita a alguns polímeros e até mesmo o DNA como moléculas capazes de agir dessa forma. O próximo passo da pesquisa será a experimentação com materiais de verdade.

Cientistas rastreiam bactérias nas carnes vendidas em supermercados

Pesquisadores buscam entender se a propagação de germes resistentes a antibióticos tem relação com a carne dos animais criados em fazendas industriais

The New York Times 
Duas vezes por mês durante um ano, Lance Price, microbiólogo da Universidade George Washington, pediu que seus pesquisadores comprassem todas as marcas de frango, peru e carne de porco à venda em cada um dos principais supermercados de Flagstaff, Arizona. Enquanto os cientistas empurravam carrinhos de compras pelos corredores com pedaços de carne amontoados, os clientes, curiosos, por vezes perguntavam se eles estavam fazendo a dieta Atkins .
Matt Roth/The New York Times
O microbiologista Lance Price está tentando comparar as bactérias encontradas em carnes com as bactérias de infecções urinárias
Na verdade, Price e sua equipe estão tentando responder a questões preocupantes sobre a propagação dos germes resistentes a antibióticos em pessoas a partir de animais criados em fazendas industriais.
Mais especificamente, eles estão tentando descobrir a quantidade de pessoas que têm contraído  infecção urinária ao ingerirem carne comprada em supermercado em uma cidade norte-americana.
Price descreve a si próprio como uma espécie de colecionador. Seu próprio congelador está repleto de uma mistura de amostras dos seios paranasais e ouvidos internos, tendo armazenado até mesmo a água de um narguilé.
Entretanto, as milhares de embalagens de caldo de carne coletadas em Flagstaff, onde seu instituto de pesquisa sem fins lucrativos está situado, estão todas embaladas ordenadamente em congeladores localizados lá, marcados com códigos de barras para fins de identificação.
Ele agora está investindo o poder do sequenciamento genético em uma tentativa ambiciosa de encontrar correspondências precisas entre os germes da carne e os de mulheres que sofrem de infecção urinária.
Recentemente, apoiado nas mãos e nos joelhos em sua sala na Universidade de Washington, ele estudava a árvore genealógica de germes de algumas das amostras de carne, uma brochura de mais de 25 páginas que desfraldava como um rolo de papel toalha. As linhas e números nelas impressos mostravam os primeiros indícios que poderiam ajudar a responder a questão central investigada por Price: quantas mulheres de Flagstaff contraíram infecção urinária ao ingerirem carne comprada em um supermercado? Ele espera obter respostas preliminares neste trimestre.
Pesquisadores têm nos alertado há anos a respeito dos antibióticos – remédios milagrosos que mudaram o curso da saúde humana no século XX – estarem perdendo poder. Alguns advertem que se essa tendência não for interrompida, podemos voltar às condições que vivíamos antes dos antibióticos, quando as pessoas morriam de infecções comuns e as crianças não sobreviviam a infecções na garganta.
Atualmente, as bactérias resistentes aos medicamentos causam cerca de 100 mil mortes por ano, mas principalmente entre pacientes com sistema imunitário enfraquecido, crianças e idosos.
Há um amplo consenso quanto ao uso excessivo de antibióticos ter causado uma crescente resistência aos medicamentos. Muitos cientistas dizem existir evidências de que o uso intensivo de antibióticos para promover o crescimento mais rápido em animais criados em fazenda é um dos grandes culpados por isso, criando um reservatório de bacilos resistentes aos medicamentos que estão chegando até as comunidades. Mais de 70 por cento de todos os antibióticos usados nos Estados Unidos são dados para animais.
Grupos do agronegócio discordam e dizem que o principal problema é o uso excessivo de tratamentos com antibióticos em pessoas. Os bacilos raramente migram dos animais para as pessoas, e mesmo quando o fazem, o risco que representam para a saúde humana é desprezível, argumenta a indústria.
Os cientistas dizem que o sequenciamento genético trará maior segurança para esse debate. Eles terão como rastrear os germes presentes nas pessoas até as suas origens, esteja ela em um animal de fazenda ou em outros pacientes hospitalizados. A deputada democrata Louise Slaughter, de Nova York, que defendeu uma legislação para controlar o uso de antibióticos em fazendas, disse que tal prova seria a "prova cabal" que resolveria o problema.
Price tem buscado quantificar até que ponto os bacilos resistentes aos medicamentos presentes nos animais estão infectando as pessoas. Ele tem tentando fazer isso por meio da análise da composição genética completa de germes coletados na carne vendida em supermercados e em moradores de Flagstaff no ano passado. A queda nos custos do sequenciamento genômico tornou a sua pesquisa possível.
Ele está comparando as sequências genéticas de bactérias E. coli resistentes a múltiplos antibióticos encontradas nas amostras de carne com as que têm causado infecções do trato urinário em pessoas (principalmente mulheres).
A infecção urinária foi escolhida por ser bastante comum. Há mais de oito milhões de casos da doença entre as mulheres americanas por ano. Em casos raros, as infecções entram na corrente sanguínea e são fatais.
Acredita-se que as bactérias resistentes presentes na carne causam apenas uma parte de tais infecções, mas mesmo essa fração seria responsável por infectar várias centenas de milhares de pessoas anualmente. O germe da E. coli que Price escolheu pode ser fatal, e se torna ainda mais perigoso por sua tendência a resistir a antibióticos.
A infecção ocorre quando a carne que contém o germe é comida, vindo a crescer no intestino e, em seguida, sendo introduzida no interior da uretra.
Price disse o germe pode causar infecções de outras maneiras, como, por exemplo, através de um machucado, enquanto a pessoa corta a carne crua. Os bacilos são promíscuos, de modo que quando entram nas pessoas, podem sofrer mutações e viajar mais facilmente entre elas.
A nova estirpe do bacilo resistente a antibióticos MRSA, por exemplo, foi detectada pela primeira vez em pessoas na Holanda em 2003, e hoje representa 40 por cento das infecções por MRSA em humanos no país, de acordo com o pesquisador holandês Jan Kluytmans. Essa mesma cepa era comum em porcos criados em fazendas antes de ter sido encontrada em pessoas, dizem cientistas.
Price, de 44 anos, começou sua carreira fazendo testes de resistência do antraz ao antibiótico Cipro para fins de pesquisa em biodefesa na década de 1990. Seu interesse pela saúde pública o levou a trabalhar com a resistência aos antibióticos no início de 2000. Ela parecia uma ameaça menos teórica.
Antibióticos de primeira linha já não estavam mais curando infecções básicas, e os médicos estavam preocupados. "Pensei, 'Nossa, é claro que isso é uma loucura, eu tenho que fazer alguma coisa a respeito'", disse ele. Ele desenvolveu sua pesquisa sobre antibióticos em uma organização sem fins lucrativos fundada em 2002, o Instituto de Pesquisa de Genômica Translacional de Phoenix. Seu laboratório em Flagstaff, uma filial, é financiado principalmente por fontes federais, incluindo os Institutos Nacionais de Saúde e a Secretaria de Defesa.
Price, especializado em epidemiologia e microbiologia, tem divulgado alertas sobre a resistência aos antibióticos há alguns anos. Ele declarou recentemente a uma comissão do Congresso que as evidências dos efeitos nocivos de antibióticos na agricultura são impressionantes.
Ele acredita que os esforços da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) para limitar o uso de antibióticos nas fazendas têm sido fracos. Em 1977, a FDA disse que iria começar a proibir alguns dos usos agrícolas de antibióticos. Porém, comitês de dotações da Câmara e do Senado – dominados por interesses agrícolas – aprovaram resoluções contra a proibição, e a agência recuou.
Mais recentemente, o organismo limitou a utilização de duas classes importantes de antibióticos em animais. Todavia, os defensores dizem que ela precisa ir mais longe e proibir o uso de todos os antibióticos de aceleração do crescimento. Isso já foi feito na Suécia e na Dinamarca.
Slaughter disse que o lobby agressivo dos interesses do agronegócio tem desempenhado um papel importante no que diz respeito a impedir a aprovação de leis. De acordo com a sua equipe, dos 225 relatórios de lobby arquivados durante o último Congresso um projeto de lei que ela redigiu sobre o uso de antibióticos, aproximadamente 9 em cada 10 foram apresentados por organizações que se opõem à legislação.
No entanto, a economia dos alimentos representa talvez o maior obstáculo. Em grandes fazendas industriais, os animais são criados bem perto uns dos outros, com grandes concentrações de fezes carregadas de bactérias e urina. Os antibióticos freiam as infecções, mas também criam resistência aos medicamentos. Essas mesmas fazendas produzem grandes volumes de carne barata que os americanos se acostumaram a consumir.
Os governos começaram a reconhecer esses perigos. Os Estados Unidos prometeram recentemente destinar 40 milhões de dólares a uma grande empresa farmacêutica, a GlaxoSmithKline, para que ajudasse a desenvolver medicamentos para combater a resistência aos antibióticos. Porém, Price diz que a elaboração de novas drogas é apenas uma solução parcial.
"Muitas pessoas dizem: 'vamos inovar para sair dessa'", disse ele. "Mas se não modificarmos a forma como abusamos dos antibióticos, estaremos apenas adiando o inevitável".


    Cientistas rastreiam bactérias nas carnes vendidas em supermercados

    Pesquisadores buscam entender se a propagação de germes resistentes a antibióticos tem relação com a carne dos animais criados em fazendas industriais

    The New York Times 
    Duas vezes por mês durante um ano, Lance Price, microbiólogo da Universidade George Washington, pediu que seus pesquisadores comprassem todas as marcas de frango, peru e carne de porco à venda em cada um dos principais supermercados de Flagstaff, Arizona. Enquanto os cientistas empurravam carrinhos de compras pelos corredores com pedaços de carne amontoados, os clientes, curiosos, por vezes perguntavam se eles estavam fazendo a dieta Atkins .
    Matt Roth/The New York Times
    O microbiologista Lance Price está tentando comparar as bactérias encontradas em carnes com as bactérias de infecções urinárias
    Na verdade, Price e sua equipe estão tentando responder a questões preocupantes sobre a propagação dos germes resistentes a antibióticos em pessoas a partir de animais criados em fazendas industriais.
    Mais especificamente, eles estão tentando descobrir a quantidade de pessoas que têm contraído  infecção urinária ao ingerirem carne comprada em supermercado em uma cidade norte-americana.
    Price descreve a si próprio como uma espécie de colecionador. Seu próprio congelador está repleto de uma mistura de amostras dos seios paranasais e ouvidos internos, tendo armazenado até mesmo a água de um narguilé.
    Entretanto, as milhares de embalagens de caldo de carne coletadas em Flagstaff, onde seu instituto de pesquisa sem fins lucrativos está situado, estão todas embaladas ordenadamente em congeladores localizados lá, marcados com códigos de barras para fins de identificação.
    Ele agora está investindo o poder do sequenciamento genético em uma tentativa ambiciosa de encontrar correspondências precisas entre os germes da carne e os de mulheres que sofrem de infecção urinária.
    Recentemente, apoiado nas mãos e nos joelhos em sua sala na Universidade de Washington, ele estudava a árvore genealógica de germes de algumas das amostras de carne, uma brochura de mais de 25 páginas que desfraldava como um rolo de papel toalha. As linhas e números nelas impressos mostravam os primeiros indícios que poderiam ajudar a responder a questão central investigada por Price: quantas mulheres de Flagstaff contraíram infecção urinária ao ingerirem carne comprada em um supermercado? Ele espera obter respostas preliminares neste trimestre.
    Pesquisadores têm nos alertado há anos a respeito dos antibióticos – remédios milagrosos que mudaram o curso da saúde humana no século XX – estarem perdendo poder. Alguns advertem que se essa tendência não for interrompida, podemos voltar às condições que vivíamos antes dos antibióticos, quando as pessoas morriam de infecções comuns e as crianças não sobreviviam a infecções na garganta.
    Atualmente, as bactérias resistentes aos medicamentos causam cerca de 100 mil mortes por ano, mas principalmente entre pacientes com sistema imunitário enfraquecido, crianças e idosos.
    Há um amplo consenso quanto ao uso excessivo de antibióticos ter causado uma crescente resistência aos medicamentos. Muitos cientistas dizem existir evidências de que o uso intensivo de antibióticos para promover o crescimento mais rápido em animais criados em fazenda é um dos grandes culpados por isso, criando um reservatório de bacilos resistentes aos medicamentos que estão chegando até as comunidades. Mais de 70 por cento de todos os antibióticos usados nos Estados Unidos são dados para animais.
    Grupos do agronegócio discordam e dizem que o principal problema é o uso excessivo de tratamentos com antibióticos em pessoas. Os bacilos raramente migram dos animais para as pessoas, e mesmo quando o fazem, o risco que representam para a saúde humana é desprezível, argumenta a indústria.
    Os cientistas dizem que o sequenciamento genético trará maior segurança para esse debate. Eles terão como rastrear os germes presentes nas pessoas até as suas origens, esteja ela em um animal de fazenda ou em outros pacientes hospitalizados. A deputada democrata Louise Slaughter, de Nova York, que defendeu uma legislação para controlar o uso de antibióticos em fazendas, disse que tal prova seria a "prova cabal" que resolveria o problema.
    Price tem buscado quantificar até que ponto os bacilos resistentes aos medicamentos presentes nos animais estão infectando as pessoas. Ele tem tentando fazer isso por meio da análise da composição genética completa de germes coletados na carne vendida em supermercados e em moradores de Flagstaff no ano passado. A queda nos custos do sequenciamento genômico tornou a sua pesquisa possível.
    Ele está comparando as sequências genéticas de bactérias E. coli resistentes a múltiplos antibióticos encontradas nas amostras de carne com as que têm causado infecções do trato urinário em pessoas (principalmente mulheres).
    A infecção urinária foi escolhida por ser bastante comum. Há mais de oito milhões de casos da doença entre as mulheres americanas por ano. Em casos raros, as infecções entram na corrente sanguínea e são fatais.
    Acredita-se que as bactérias resistentes presentes na carne causam apenas uma parte de tais infecções, mas mesmo essa fração seria responsável por infectar várias centenas de milhares de pessoas anualmente. O germe da E. coli que Price escolheu pode ser fatal, e se torna ainda mais perigoso por sua tendência a resistir a antibióticos.
    A infecção ocorre quando a carne que contém o germe é comida, vindo a crescer no intestino e, em seguida, sendo introduzida no interior da uretra.
    Price disse o germe pode causar infecções de outras maneiras, como, por exemplo, através de um machucado, enquanto a pessoa corta a carne crua. Os bacilos são promíscuos, de modo que quando entram nas pessoas, podem sofrer mutações e viajar mais facilmente entre elas.
    A nova estirpe do bacilo resistente a antibióticos MRSA, por exemplo, foi detectada pela primeira vez em pessoas na Holanda em 2003, e hoje representa 40 por cento das infecções por MRSA em humanos no país, de acordo com o pesquisador holandês Jan Kluytmans. Essa mesma cepa era comum em porcos criados em fazendas antes de ter sido encontrada em pessoas, dizem cientistas.
    Price, de 44 anos, começou sua carreira fazendo testes de resistência do antraz ao antibiótico Cipro para fins de pesquisa em biodefesa na década de 1990. Seu interesse pela saúde pública o levou a trabalhar com a resistência aos antibióticos no início de 2000. Ela parecia uma ameaça menos teórica.
    Antibióticos de primeira linha já não estavam mais curando infecções básicas, e os médicos estavam preocupados. "Pensei, 'Nossa, é claro que isso é uma loucura, eu tenho que fazer alguma coisa a respeito'", disse ele. Ele desenvolveu sua pesquisa sobre antibióticos em uma organização sem fins lucrativos fundada em 2002, o Instituto de Pesquisa de Genômica Translacional de Phoenix. Seu laboratório em Flagstaff, uma filial, é financiado principalmente por fontes federais, incluindo os Institutos Nacionais de Saúde e a Secretaria de Defesa.
    Price, especializado em epidemiologia e microbiologia, tem divulgado alertas sobre a resistência aos antibióticos há alguns anos. Ele declarou recentemente a uma comissão do Congresso que as evidências dos efeitos nocivos de antibióticos na agricultura são impressionantes.
    Ele acredita que os esforços da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) para limitar o uso de antibióticos nas fazendas têm sido fracos. Em 1977, a FDA disse que iria começar a proibir alguns dos usos agrícolas de antibióticos. Porém, comitês de dotações da Câmara e do Senado – dominados por interesses agrícolas – aprovaram resoluções contra a proibição, e a agência recuou.
    Mais recentemente, o organismo limitou a utilização de duas classes importantes de antibióticos em animais. Todavia, os defensores dizem que ela precisa ir mais longe e proibir o uso de todos os antibióticos de aceleração do crescimento. Isso já foi feito na Suécia e na Dinamarca.
    Slaughter disse que o lobby agressivo dos interesses do agronegócio tem desempenhado um papel importante no que diz respeito a impedir a aprovação de leis. De acordo com a sua equipe, dos 225 relatórios de lobby arquivados durante o último Congresso um projeto de lei que ela redigiu sobre o uso de antibióticos, aproximadamente 9 em cada 10 foram apresentados por organizações que se opõem à legislação.
    No entanto, a economia dos alimentos representa talvez o maior obstáculo. Em grandes fazendas industriais, os animais são criados bem perto uns dos outros, com grandes concentrações de fezes carregadas de bactérias e urina. Os antibióticos freiam as infecções, mas também criam resistência aos medicamentos. Essas mesmas fazendas produzem grandes volumes de carne barata que os americanos se acostumaram a consumir.
    Os governos começaram a reconhecer esses perigos. Os Estados Unidos prometeram recentemente destinar 40 milhões de dólares a uma grande empresa farmacêutica, a GlaxoSmithKline, para que ajudasse a desenvolver medicamentos para combater a resistência aos antibióticos. Porém, Price diz que a elaboração de novas drogas é apenas uma solução parcial.
    "Muitas pessoas dizem: 'vamos inovar para sair dessa'", disse ele. "Mas se não modificarmos a forma como abusamos dos antibióticos, estaremos apenas adiando o inevitável".


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