Tuesday, October 30, 2007

Pesquisadores criam tratamento para câncer ativado por luz

30/10/2007 - 11h23
Pesquisadores criam tratamento para câncer ativado por luz
Da BBC Brasil
Pesquisadores da Universidade de New Castle, no Reino Unido, dizem ter desenvolvido um tratamento para câncer ativado por luz ultravioleta.

O tratamento faria os remédios atingirem os tumores de forma mais eficiente, evitando que os tecidos saudáveis também sejam destruídos pelos anticorpos monoclonais, uma arma comum contra o câncer.

"É muito difícil fazer com que os anticorpos cheguem especificamente ao tumor. Eles acabam sendo levados para lugares onde não os queremos", disse Colin Self, que liderou a pesquisa.

Para resolver o problema, os cientistas criaram uma maneira de "disfarçar" os anticorpos com um óleo orgânico que faz com que eles só sejam ativados em contato com a luz.

Assim, logo que a luz ultravioleta é colocada sobre a região do tumor, os anticorpos começam a fazer efeito, deixando os tecidos saudáveis intocados.

Os primeiros testes foram realizados em ratos de laboratório com câncer de ovário. O tratamento acabou com a doença em cinco dos seis roedores testados.

Os testes clínicos em humanos devem começar no ano que vem, inicialmente em pessoas com câncer de pele.

Mesmo que as próximas fases de testes sejam bem sucedidas, ainda deve levar uma década para que o tratamento esteja amplamente disponível.

Como tratar e lidar com a ansiedade na gravidez

Como tratar e lidar com a ansiedade na gravidez
por Joel Rennó Jr.

Cafeína, cigarro, álcool e outras drogas estão proibidos na gravidez

Estou grávida e sempre tive uma ansiedade muito grande, sempre fico muito nervosa, gostaria de saber como fazer para controlar isto. Qualquer coisa me abala a ponto de ficar muito sensível e chorosa

Resposta: A ansiedade na gravidez só deve ser tratada quando for persistente, causar prejuízos de diversas ordens, além de um intenso sofrimento.

Ansiedade pode ser um estado emocional normal, circunscrito a determinados contextos e situações de vida. É até útil dentro de limites para preparar o organismo para reações de luta ou defesa. Ansiosos queixam-se muito de medo e sensação de perda de controle. Pode ter causas comportamentais, psicológicas, biológicas e genéticas. Porém, quando começa a tomar proporções maiores com incapacitação e sofrimento, cristaliza-se sob a forma de ansiedade patológica, necessitando de tratamento; principalmente quando algum transtorno psiquiátrico está presente como o transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), etc.

Ansiedade elevada na gravidez: efeitos

Ansiedade constantemente elevada durante a gestação pode levar a maiores riscos de crescimento intra-uterino retardado, parto prematuro e até, nos casos mais severos, abortamentos espontâneos. Por isso precisa ser tratada, avaliando-se os riscos e benefícios do tratamento versus os do não-tratamento.

Ansiedade leve

Quadros leves e não-patológicos de ansiedade resolvem-se com técnicas de relaxamento, treinamento de respiração abdominal, meditação, além de yoga e acupuntura. A psicoterapia comportamental e cognitiva, além da interpessoal costumam ser eficazes em quadros clinicos leves e moderados.

Ansiedade grave

Nos quadros mais graves de ansiedade, deve-se utilizar antidepressivos com cuidados e orientação de um psiquiatra (isso é obrigatório, ou seja, que o psiquiatra auxilie o obstetra nessas situações mais críticas). Deve-se evitar o uso de ansiolíticos, popularmente conhecidos como “calmantes”- aqueles medicamentos de tarja preta.

Dica importante: cafeína, cigarro, álcool e outras drogas estão proibidos na gravidez por inúmeros motivos e riscos. Qualquer medicamento, por mais simples que seja, sempre deve ser tomado apenas com a permissão do médico responsável. São questões básicas e gerais, mas que ainda causam inúmeros transtornos e graves seqüelas para várias mulheres gestantes e seus bebês.

ATENÇÃO

As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento


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Joel Rennó Jr.
Doutor em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP. Coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher-Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein-SP (HIAE)
>> Mais informações >>

Saturday, October 06, 2007

VAMPIROS

Mortos, mas não muito
O mito do vampiro assume as mais diferentes formas e cortes de cabelo, mas sua essência imutável assombra o mundo todo desde o surgimento da civilização.
Por que a humanidade inteira precisa desses mortos vivos que bebem sangue?
Álvaro Oppermann

Os japoneses o chamavam de kappa. Os árabes, de alghul. Os chineses temiam sobretudo o kiang shi. Em comum, todas essas criaturas eram vampiros. O vampiro é um ser universal, parte do repertório de civilizações de todo o mundo - dos indianos aos maias, dos bantos africanos aos aborígines australianos. "Que os mortos possam voltar para afligir os vivos é uma crença que se perde na noite dos tempos. E raramente os fantasmas são dotados de boas intenções", diz Claude Lecouteux, autor de História dos Vampiros - Autópsia de um Mito e professor de literatura medieval na Universidade Sorbonne, em Paris, França.

E o que era exatamente um vampiro? Independentemente da cor da pele ou do comprimento do cabelo, era um morto vivo. Tal como os fantasmas, assombrava os vivos. Ao contrário daqueles - por definição incorpóreos - era feito de carne e osso. Saía do túmulo, preferencialmente à noite, e estrangulava ou sugava o sangue de suas vítimas - homens, mulheres, crianças, e às vezes até vacas e cachorros. Nem sempre tinha aparência humana, podendo adotar formas animais (um cão, um cavalo, um corvo, um morcego) ou vegetais (uma moita de urtiga). E mais: bichos perfeitamente saudáveis também podiam, do dia para a noite, tornar-se vampiros. Como explicar uma criatura tão ubíqua quanto improvável?

Os vampiros no mundo

Para entender o vampiro, é preciso primeiro compreender o mundo dos nossos ancestrais. Até o fim da Idade Média, ninguém cogitava uma explicação racional ou científica para "mortos" que voltavam à vida ou defuntos naturalmente mumificados. Ressurreições miraculosas ou diabólicas eram quase cotidianas. Segundo os cronistas da época,santos voltavam depois da morte para operar milagres, como santa Liduvina de Haia, em 1433, ou seu corpo não apodrecia, como ocorreu com santa Catarina de Bolonha, em 1463. Isso aumentava o fervor popular. Já os vampiros saíam do seu túmulo para espalhar o terror. Seu corpo se recusava igualmente a apodrecer. Alguns, do sexo masculino, eram encontrados com o pênis em ereção dentro do caixão. Inteiramente nus, pois comiam a sua mortalha. Num caso narrado por um monge alemão do século 12, um vampiro estuprou fiéis dentro de uma igreja - moças e anciãs..

Esses detalhes obscenos chocavam o homem desde a Antiguidade.

Para o homem medieval, explicar o vampirismo era simples: Diabolus simia Dei. Traduzindo: era uma forma de Satã imitar Deus.As maldades e estripulias do vampiro eram o equivalente maligno dos milagres dos santos medievais. Nesse clima, até Martinho Lutero teve de se ver frente a um caso de vampirismo, em princípios do século 16, na cidade alemã de Wittenberg. Sua resposta ao problema, é claro, foi teológica: "Se o povo não acreditasse em tais coisas, isso não lhes causaria mal algum, pois se trata de uma prestidigitação diabólica". Depois, ao que consta, Lutero orou ao lado do túmulo do suposto vampiro, que nunca mais importunou a cidade.

Vampiros também tinham o poder de tomar outras formas que não a sua original em vida. Muitos se transfiguravam em ratos, morcegos, mas também em mulheres sedutoras. Na Grécia do ano 217, o filósofo Apolônio de Tiana teria desmascarado a noiva do amigo Mênipo em plena festa de casamento: ela seria uma empusa, denominação dada às belas sanguessugas de maridos incautos. A noiva apresentava traços inequívocos de um vampiro (segundo os critérios da Grécia antiga): a fixidez das pupilas e o medo ao manjericão, planta tida como mágica. Desmascarada, a empusa atirou-se ao mar, e seu corpo nunca foi encontrado.

Ainda sobre vampiras casamenteiras: na China do século 9 surgiram duas noivas exatamente iguais em uma cerimônia. Uma delas era um kiang shi. A noiva verdadeira, subindo nas tamancas, convidou a impostora para resolverem o assunto numa sala adjunta ao salão principal. Má idéia. Quando as duas entraram no recinto fechado, os convidados ouviram um grito horrendo. Acorrendo ao local, descobriram, para terror geral, a noiva morta, tendo ao seu lado um assustador pássaro negro, que, voraz, bebia o seu sangue e bicava as suas vísceras. Muitos kiang shi possuíam longas cabeleiras esverdeadas ou esbranquiçadas, fruto da ação de fungos nos caixões. Já os vampiros femininos da Arábia tinham cabelos negros belos e sedosos. Na Arábia, as rotas comerciais para a China ou para a Síria eram infestadas de alghuls, os traiçoeiros vampiros do deserto, que inspiraram até As Mil e Uma Noites.

E por que existiam vampiros? Para os chineses, o homem tinha uma alma superior (hun) e outra inferior (p'o). Os restos mortais, quando intactos, podiam ser tomados integralmente pela parte baixa do ser. Numa reação alquímica com o sol ou a lua, o cadáver era animado de volta à vida - compreensivelmente, com as piores intenções possíveis. Na Europa medieval, todavia, tudo girava em torno da questão moral: quem morria em pecado grave ou ia para o inferno ou ficava preso a esta vida sob uma forma degradante, como a dos vampiros. Alguns já recebiam a condenação em vida, alternando o estado humano com um estado monstruoso. Era o caso dos lobisomens. Muitos lobisomens, ao morrer, viravam vampiros.

Transilvânia e adjacências

Se havia vampiros em todo o mundo, na Europa Oriental eles saíam pelo ladrão. Na região onde hoje está a Romênia, cada tipo de transgressão moral correspondia a um tipo de sanguessuga diferente. O nosferatu, por exemplo, era uma criança natimorta não batizada que, enterrada, voltava à vida, transformando-se em gato, escaravelho ou até fio de palha. O murony, comum na Valáquia (reino de Vlad Drakul, que inspirou o mais famoso dos vampiros ficcionais), nascia da relação ilegítima de dois filhos ilegítimos. Morto, se metamorfoseava em rã, piolho ou aranha. Um bastardo morto pela mãe depois do parto, e enterrado sem batismo, se transformava em moroiu - uma moita ardente de 2 metros de altura. Os assassinos e os sacrílegos tinham outro destino funesto. Tornavam-se strigoi, seres de aspecto horrendo: altos, corpulentos, olhos vermelhos, unhas iguais a foices e caudas peludas. Ao saírem do túmulo, de dia ou à noite (poucas lendas vampirescas mencionam a aversão ao Sol), levavam a peste aos rebanhos. Os ucranianos, russos e bielo-russos conheciam o mjertovjec, "o morto que anda" - castigo dos ladrões, estelionatários, bruxas e homossexuais. Seus ossos faziam barulho, aterrorizando os vivos. Quando se abria sua tumba, reconhecia-se facilmente a sua natureza, pois estava deitado de bruços. Era desprovido de nariz, e seu lábio inferior era fendido.

A profusão de nomes era tamanha que é impossível contabilizar o número exato de tipos de vampiros. Um site chamado Shroudeater ("comedor de mortalha",em inglês) listou mais de 700, mas reconhece que a lista está incompleta.

Surtos de vampirismo eram relativamente comuns. O caso mais bem documentado ocorreu na cidade sérvia de Medvegia, em 1732. Tudo começou porque um arquiduque, Arnold Paole, suposto vampiro, matou 15 pessoas. Pelo menos 7 delas viraram sanguessugas. Como se sabia quem era ou não vampiro? Simples. Abrindo o caixão. Lá dentro, o rosto do suspeito vampiro era encontrado bem corado. Seu corpo não apodrecia. Às vezes, seus olhos e membros tinham movimentos. A exumação de túmulos em casos de suspeita de vampirismo se tornou tão comum que o papa Bonifácio 8º, em 1302, promulgou uma lei contra "esse hábito detestável". Por fim, em 1755, a imperatriz austro-húngara Maria Tereza proibiu a "execução" de cadáveres nos seus domínios (que compreendiam a Transilvânia e outros "picos" muito freqüentados pelos mortos vivos). Isso não impediu que o povo continuasse, por baixo dos panos, apelando para a decapitação e mutilação dos corpos suspeitos.

A invenção de Drácula

Esses fenômenos acabaram rendendo pano pra manga aos escritores. Em 1486, na França, surgia um manual da Inquisição que entre outras coisas detalhava a ação de vampiros: O Martelo das Feiticeiras, dos inquisidores Jacques Sprenger e Henry Institoris. O termo "vampiro" (do sérvio vampir), no entanto, só surgiu em língua ocidental no século 18. Até então, os europeus do oeste não os distinguiam claramente dos fantasmas. Foi o suficiente para que houvesse uma enxurrada de novelas, peças e óperas sobre vampirismo. Byron, Baudelaire e Alexandre Dumas trataram do assunto. O mito moderno, porém, foi sedimentando por Drácula, do inglês Bram Stoker, de 1901. Na história, o vampirólogo Abraham van Helsing explica tudo o que se deve saber sobre vampiros: a nutrição pelo sangue alheio, a metamorfose em rato, morcego ou outro animal, a morte pela estaca ou pela decapitação.

Stoker, contudo, não deixou de fazer as suas inovações. A maior delas, associar o conde à figura histórica real de Vlad 3º, o Empalador (1431-1476), herói nacional romeno. Misto de tirano e brilhante estrategista, ele conteve o avanço otomano no seu principado da Valáquia, ao sul da Romênia atual, com expedientes brutais, como a empalação de inimigos e traidores. Drácula, em romeno, quer dizer "filho do dragão". Era um título honorífico. Vlad pertencia à Ordem do Dragão, um grupo de cavaleiros empenhados na defesa das fronteiras cristãs contra a ameaça turca. O nome nada tinha de maligno ou diabólico. "É como se um romeno escrevesse uma história em que George Washington bebesse sangue humano", afirma o escritor romeno Andrei Cedrescu.

O vampiro à luz da ciência

As explicações racionais para o vampirismo começaram a surgir a partir da década de 1730. Mentes iluminadas analisaram as informações médicas dos séculos 14 e 15 para demonstrar que as mortes em série atribuídas a vampiros eram, na verdade, fruto de epidemias. Tratava-se de casos de cólera - daí os rostos rubicundos dos vampiros -, ou da peste. A ausência de decomposição de certos cadáveres exumados justificava-se pela natureza seca do lugar do sepultamento.

Em 1742, um pequeno tratado do médico parisiense Jacques Bénigne Vinslow sugeriu que os indivíduos encontrados nus nos caixões haviam sido, na verdade, enterrados vivos e, em desespero, devoraram as próprias mãos e mortalhas. Na maior parte das vezes, vítimas de catalepsia - estado patológico que provoca imobilidade total e costumava levar a diagnósticos falsos de morte.

Até mesmo a ereção do pênis defunto tinha explicação. O erudito MichaelRanft, no século 18, afirmava: "O pênis, de natureza esponjosa, pode erguer-se espontaneamente se um líquido ou sopro penetrar na artéria hipogástrica".

Em 1997, o químico Wayne Tikkanen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, propôs que o vampiro seria um doente acometido de porfiria, doença hereditária que provoca retração dos lábios e malformação dentária, necrose dos dedos e do nariz e escurecimento da pele, que se torna muito sensível aos raios ultravioleta. Tikkanen diz que muitos doentes se escondiam em caixões para se proteger do sol. Já o neurologista espanhol Juan Gómez-Alonso constatou, em 1998, semelhanças entre os vampiros e as pessoas acometidas de raiva:têm insônia e perambulam à noite, são agitadas e sensíveis à água. Algumas apresentam contrações da face, da laringe e da faringe, que provocam a emissão de sons roucos, e até de uma espuma sanguinolenta na comissura dos lábios, pois a saliva não pode mais ser engolida. Essas teorias, deve-se dizer, não são consenso na comunidade científica.

Do ponto de vista sociológico, o vampiro também foi explicado. Em 1997, os estudiosos Gábor Klaniczay e Karin Lambrecht fizeram uma descoberta curiosa: a explosão de casos de vampirismo coincidiu com o fim da caça às bruxas e tomou o seu lugar, numa necessidade do povo de exorcizar seus demônios e de explicar os males que os atingiam.

Nada disso, porém, desfez o fascínio da criatura sanguinária. Como justificá-la? Por que tantas lendas sobre um bebedor de sangue? "O mito do vampiro nasce do nosso medo da morte e do desconhecido. Era preciso criar o horror, aquilo que perturba um sistema ou uma ordem", diz a psicanalista búlgaro-francesa Julia Kristeva.O psiquiatra e antropólogo carioca Eugênio Flacksman vai além: "A crendice popular é reflexo do psiquismo humano", afirma. "O vampiro personificava a inveja, o desamparo psicológico. O invejoso suga a nossa vida".

Eugênio afirma que, simbolicamente, o sangue pode significar vida - é assim na medicina chinesa e no Antigo Testamento, por exemplo. "Por isso não é de todo despropositado o uso de termos como 'vampiro emocional', que anda tão em voga hoje em dia", diz. Servindo de bode expiatório às culpas, temores e desejos ocultos de pacíficos aldeões, o vampiro, num processo de projeção, as encarnou, acalmando a consciência coletiva. Em pleno século 21, foi-nos reservada a descoberta final: na verdade, todos somos vampiros.

TIPOS DE VAMPIROS

Camazotz

Onde ocorre: México e Guatemala.

Como é: É o deus-morcego dos maias, com dentes enormes e afiados, asas egarras. Há evidências de que a criatura é inspirada em um enorme morcego hematófago que povoava a região, mas já está extinto.

Strigoi

Onde ocorre: Romênia.

Como é: Este morto vivo mantém mais ou menos a aparência da pessoa original. Só mais ou menos: o defunto desenvolve cauda e pêlos cobrem sua pele. O strigoi anda descalço, nu ou vestindo apenas uma camisola. Sai do túmulo à meia-noite, carregando o caixão nas costas.

Kiang Shi

Onde ocorre: China.

Como é: Tem unhas longas e curvas, cabelo comprido, olhos estáticos e vermelhos e pele esverdeada. Voa e, além de chupar sangue, é dono de um hálito verdadeiramente venenoso. Para detê-lo, basta um monte de arroz: o kiang shi se vê obrigado a contar todos os grãos.

Kappa

Onde ocorre: Japão.

Como é: Trata-se de uma criatura humanóide perversa, pequena e verde. Muitas vezes é parecida com uma criança, mas outras tantas assemelha-se a um sapo ou lagarto. Os kappas atacam animais e sugam seu sangue pelo ânus, além de estuprar mulheres e roubar o fígado das pessoas.

Mjertovjec

Onde ocorre: Rússia, Belarus e Ucrânia.

Como é: Sua aparência é abominável: não possui nariz e tem o lábio inferior fendido. A deformidade, no entanto, não impede que o mjertovjec seja um exímio cavaleiro. Sementes de papoula atraem esse ser, que as seguirá até a sua tumba.

7 RAZÕES PARA VIRAR VAMPIRO

Quem eram os vampiros? Os suspeitos formavam uma multidão. Havia os malfeitores, os perjuros, os enforcados eos feiticeiros. Também os ruivos, os bastardos, os fumantes em dias sagradose os que não comiam alho. Quase ninguém podia bobear.Conheça alguns motivos para virar vampiro:

Pacto com o diabo
Para o homem medieval, quem em vida fizera um pacto expresso com o diabo ressuscitava para atrair os cadáveres de cristãos e de crianças inocentes enterradas perto dele.

O 7º filho do 7º filho
Crença do povo da Transilvânia. Para os italianos, esse rebento escolhido se transformava em lobisomem.

Sexo com a avó
O rapaz que encarasse a parada era candidato a vampiro. Segundo os habitantes da Dalmácia, se transformava em orko, bebedor de sangue de traços monstruosos. Daí se originou a palavra "ogro".

Nascimento monstruoso
Uma criança nascida deformada era mau agouro. Despertava suspeitas sobretudo sobre o pai, que poderia ser um vampiro, um diabo ou outro espírito maligno.

Casamento com uma bruxa
Mulheres suspeitas de feitiçaria davam má fama até para o marido. Ao morrerem, saíam do túmulo e vampirizavam o cônjuge.

Criança sem batismo
A criança gritava do túmulo, implorando por batismo. Se não fosse atendida, pimba! Renascia como vampiro.

Criança devoradora
No parto, descobria-se que a criança, no ventre, devorara parte da membrana amniótica. A membrana era incinerada e suas cinzas, espalhadas sobre o recém-nascido para livrá-lo do mal.

7 MEIOS DE AFASTAR UM MORTO VIVO

Despistar no cortejo
No cortejo fúnebre de um suposto vampiro, costumava-se desorientá-lo com um longo trajeto da igreja até o cemitério. Isso, dizia-se, fazia com que ele perdesse o senso de orientação e, conseqüentemente, não encontrasse o caminho para voltar e atazanar os vivos.

Amuletos
Era comum a utilização de amuletos, colocados junto ao vampiro no caixão. Um dos mais conhecidos era o Bilhete de São Lucas, um conjunto de orações para impedir que o defunto suspeito saísse da tumba.

Incenso e alho
Incenso era usado para tampar os olhos, a boca e as narinas do defunto, para ficar imune às tentações de Satanás. O alho era inserido no ânus (os autores antigos, por delicadeza, não entravam em detalhes desse procedimento).

A cruz
O símbolo do cristianismo, é claro, não deixava de ser um instrumento de combate poderoso contra os vampiros. E funcionava que era uma beleza, não importando se havia uma cruz de verdade ou se alguém simplesmente fazia o sinal da cruz com os dedos.

Execuções
Muito comum, incluía a famosa cunha de madeira no coração e uma eventual decapitação. Quase sempre, um carrasco era designado para essas execuções póstumas.

Cozimento em vinho
Serviço para ciganos e estrangeiros. Após a lenta cocção do vampiro desmembrado, ninguém comia a carne. Ela era enterrada de volta.

Vampirização
A lógica é a seguinte: beber o sangue de um vampiro imuniza contra a ação do dito-cujo.

A revolução do cérebro

A revolução do cérebro
A máquina mais complexa do Universo está na sua cabeça. Agora que começamos a entender como ela funciona, descobrimos capacidades que nem imaginávamos. Saiba quais são esses superpoderes - e o que fazer para adquiri-los

O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele consegue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram ao longo da última década. Algumas dessas façanhas sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora conseguimos perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão encontrando maneiras de realizar coisas que antes pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como entendemos o cérebro, mas também a imagem que fazemos do mundo, da realidade e de quem somos nós. Siga adiante e entenda o que está acontecendo (e aproveite que, segundo uma das mais recentes descobertas, nenhum exercício para o seu cérebro é tão bom quanto a leitura).

Superpoder 1 - Mudar a própria forma

Os dedos da mão esquerda de um violinista fazem todo tipo de movimentos. Já os da mão direita fazem só um: segurar o arco, algo importante, mas simples. Todas essas ações são coordenadas pelo córtex motor, uma fatia acima da orelha que possui um mapa de todo o corpo: um pedaço coordena o pé, outro, a perna, e assim vai até a cabeça. Quando os cientistas analisaram esse mapa em violinistas, repararam em algo curioso: a região que comanda os dedos da mão esquerda é maior do que a da direita. O cérebro se adapta ao estilo de vida do seu dono.

O mesmo acontece com todo mundo. Quem lê textos em braile desde pequeno utiliza para o tato uma parte do cérebro normalmente ocupada pela visão. Em pessoas que perdem um braço, a área que recebia sensações desse membro se liga a outras partes do corpo, como o rosto, o que às vezes gera dores fantasmas: um toque na bochecha é interpretado como uma lesão no braço. Aliás, não se assuste, mas, agora mesmo, este texto e tudo o mais a sua volta estão deixando marcas físicas no seu cérebro.

Está aí a revolução: segundo os cientistas, o seu cérebro é muito elástico. Há menos de 20 anos, imaginava-se que ele era como um computador, uma máquina com circuitos fixos, em que tudo o que se podia fazer era acrescentar informações. Agora se sabe que não. O hardware também é aprendido. Caminhar, falar, mover partes do corpo envolve experiência e memória, diz Iván Izquierdo, neurocientista da PUC gaúcha. O cérebro se reiventa, cria novos neurônios, novas conexões e novas funções para áreas pouco utilizadas.

Não é de espantar que os cientistas tenham demorado a perceber isso. Até 3 décadas atrás, tudo o que se podia fazer para estudar o cérebro humano era abrir a cabeça e olhar dentro. Alguns chegaram a fazer isso com pacientes vivos, mas o normal era esperar as pessoas morrerem e depois olhar o que sobrava. Na época, as principais descobertas vinham de pesquisas com animais ou com pessoas com lesões no cérebro por exemplo, se alguém perdia o hipocampo e, junto com ele, a memória recente, é porque os dois deviam estar ligados.

Agora os cientistas conseguem desde entender como os genes dão origem às moléculas do cérebro até simular em computador conjuntos de neurônios. E surgiram maneiras de observar o cérebro em atividade, graças, principalmente, à ressonância magnética funcional (RMF), uma espécie de telescópio Hubble para os neurocientistas. O princípio é colocar o paciente em um campo magnético tão forte que, pendurado em um guindaste, seria capaz de levantar dois carros juntos (o que mostra por que não é uma boa idéia aproximar objetos metálicos de aparelhos como esse). Essas circunstâncias possibilitam detectar, por ondas de rádio, o fluxo de sangue oxigenado para diferentes partes do cérebro, o que indica as regiões mais ativas em cada situação.

A técnica permitiu, pela primeira vez, mapear o cérebro em funcionamento. Também enterrou aquela idéia de que só usamos 10% da nossa mente: todo o cérebro trabalha o tempo inteiro. Mas, de acordo com o que fazemos, algumas partes são mais ativadas que outras (veja quadro na página 54). Nos últimos anos, as pesquisas mostraram os sistemas que acendem em situações como se apaixonar, tomar uma decisão, sentir sono, medo, desejo de uma comida ou até ______________, palavra alemã para o prazer de ver alguém se dando mal (que, percebeu-se, é mais intenso em homens). Estamos decifrando a linguagem com que as áreas do cérebro conversam. É possível que os sistemas que conseguimos ver sejam como um arquipélago: parecem ilhas isoladas, mas, por baixo, são parte de uma mesma montanha, diz o radiologista do Hospital das Clínicas Edson Amaro, membro do projeto internacional Mapeamento do Cérebro Humano.

O que complica as pesquisas é que, assim como não existe pessoa igual a outra, cada cérebro é diferente. Além disso, a aparência dos neurônios não é um indicador fiel do que acontece na cabeça. Existe quem morra com problemas de memória e, na autópsia, se percebe que o cérebro estava perfeito. E também os que não apresentaram problemas até o fim da vida, mas têm um cérebro danificado, diz Lea Grinberg, uma das coordenadoras do banco de cérebros da USP, que reúne e tenta comparar 3 600 amostras para resolver problemas como esse. Mesmo ainda misterioso, é provável que seja esse o ponto em que o modo como você utiliza o cérebro faça a diferença.

É como um músculo: se você exercita, você está mais protegido contra problemas, diz Lea. Em caso de danos ao cérebro seja causado por doenças como Alzheimer ou por pauladas na cabeça , pessoas com bom nível educacional ou QI alto sofrem perdas menores da capacidade cerebral. Ao que tudo indica, exercitar o cérebro cria uma espécie de reserva. É possível que, quando necessário, os atletas mentais consigam recrutar outras áreas do cérebro mais facilmente, ou talvez compensem a perda por usarem cada área de forma mais eficiente.

Aliás, uma boa notícia: só o fato de você estar lendo este texto já é um começo. Leitura é um exercício fantástico. Quem não lê está fadado a uma memória mais lenta, diz Izquierdo. Enfrentar desafios e sair da frente da TV também ajuda, assim como fazer exercícios físicos. Eles não só permitem que o seu cérebro funcione melhor como, provavelmente, fazem nascer novos neurônios.

Superpoder 2 - Regenerar suas partes

A história do seu cérebro começa pouco depois da concepção, quando o embrião humano ainda é chato como uma panqueca. Até que, com uns 17 dias, uma parte da superfície começa a dobrar até se fechar em um tubo. Esse tubo acabará se transformando no sistema nervoso inteiro. De 5 a 6 meses depois, seu crescimento cerebral atinge a velocidade máxima, espantosos 250 mil novos neurônios por minuto. Antes mesmo de você nascer, o cérebro está praticamente formado. Daí em diante, segundo o que se acreditava até há pouco tempo, ele poderia aprender coisas novas, mas não ganharia novos neurônios. Só nos restava cuidar bem dos que já temos.

Tudo isso mudou em 1998, quando os cientistas provaram que o cérebro produz, sim, novas células ao longo da vida num processo batizado de neurogênese. Caía um dos mais arraigados mitos da ciência. Desde então, descobrir como surgem novos neurônios e para que eles servem se tornou um dos temas mais quentes da neurociência. É possível que dessas pesquisas saiam formas de curar doenças como depressão e Alzheimer, retardar o envelhecimento e até garantir um melhor funcionamento do cérebro para pessoas saudáveis.

Apesar de os cientistas terem visto sinais de novos neurônios em várias partes do cérebro, a produção está restrita a duas regiões. É possível que ela exista em outras áreas de forma bem reduzida, que não conseguimos detectar com os métodos atuais, diz neurobiólogo Alysson Muotri, do Instituto Salk, EUA. O primeiro ponto é uma zona logo abaixo dos ventrículos (um bolsão de líquidos no meio do cérebro), que produz neurônios relacionados aos sentidos. O segundo é o hipocampo, o que é intrigante porque ele é uma área essencial para a formação de memórias, embora ninguém saiba dizer qual a função dos novos neurônios ali. A neurogênese é um processo muito lento e fraco para dar conta da memória, diz Izquierdo. Ou seja, ele descarta que os novos neurônios surjam a cada nova memória que gravamos afinal temos muitas memórias e poucos neurônios nascendo. O mais provável é que eles tenham um papel mais limitado.

Mas não há dúvidas de que a neurogênese é um processo importante. Sabe-se, por exemplo, que alguns tipos de derrames aumentam a produção de neurônios. A maioria deles morre, mas alguns conseguem chegar ao local da lesão e formar um remendo que não resolve os casos mais graves, mas corrige microderrames que acabam passando despercebidos. E um grande número de doenças, de uma forma ou de outra, está ligado à neurogênese. A depressão é uma delas (veja quadro na página 53). O mal de Alzheimer é outra: ratos modificados geneticamente para desenvolver a doença apresentam também problemas na neurogênese, prova de que alguma conexão há. E remédios capazes de estimular o nascimento de neurônios em cobaias conseguiram atenuar os sintomas de mal de Parkinson uma abordagem que pode se revelar promissora para humanos.

O grande sonho dos cientistas agora é controlar o processo para fazer o cérebro tapar os próprios buracos mais ou menos como uma lagartixa regenera uma perna cortada. E, possivelmente, estimular o cérebro de pessoas saudáveis a fabricar neurônios afinal, células novinhas em folha podem dar uma bela mão na hora de raciocinar. Ainda estamos distantes desse sonho, mas já existe um caminho. Muitos fatores que incentivam o crescimento de novos neurônios já são conhecidos, diz o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo. Um deles é evitar estresse, que sabidamente bloqueia o crescimento de neurônios. Outro é viver em um ambiente rico, com estímulos mentais e físicos variados: basta colocar ratos em jaulas agradáveis e cheias de brinquedos divertidos para que a neurogênese triplique. O mesmo para banhos de sol que fazem o corpo produzir vitamina D, essencial para o crescimento das novas células e para uma dieta rica em colina, substância presente em gema de ovos e ingrediente-chave dos neurônios. Junte tudo isso e a sua mente, literalmente, começará a crescer.

Superpoder 3 - Mover objetos

O seu corpo, ao que parece, é muito pequeno para conter uma máquina tão poderosa quanto o cérebro. Prova disso veio em julho, quando foram divulgadas as aventuras de Matthew Nagle, um americano que ficou paralítico em uma briga em 2001. Três anos depois, cientistas da Universidade Brown, EUA, e de 4 outras instituições implantaram eletrodos na parte do cérebro dele responsável pelos movimentos dos braços e registraram os disparos de mais de 100 neurônios. Enviados a um computador, esses sinais permitiram que ele controlasse um cursor em uma tela, abrisse e-mails, jogasse videogames e comandasse um braço robótico. Somente com o pensamento, Nagle conseguiu mover objetos.

Mas não espere virar logo um personagem de Matrix e se plugar a computadores. Além de ser meio incômodo viver com fios saindo de dentro da cabeça, os movimentos de Nagle eram desajeitados, o sistema precisava ser recalibrado todo dia e, depois de alguns meses, os eletrodos perderam a sensibilidade. Foi, entretanto, uma prova de que o nosso cérebro é capaz de comandar objetos fora do corpo uma idéia que pode mudar nossa relação com o mundo.

Um dos pioneiros nesse tipo de experiência é o neurobiólogo brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, EUA, que desde 1999 vem tornando primatas capazes de comandar computadores com a mente. Ele chegou a fazer experiências em que sinais cerebrais de um macaco eram transmitidos pela internet e reproduzidos por um braço robótico a mais de 1 000 quilômetros de distância. No ano passado, ele e sua equipe demonstraram um fato curioso: depois de um tempo ligado ao aparelho, o cérebro do macaco começou a assimilar a nova extensão como parte do próprio corpo. A grande promessa da descoberta é abrir caminho para que pessoas que perderam um membro operem membros robóticos como se fossem naturais. Mas tem mais: apesar de os eletrodos terem sido colocados na área do córtex que comanda o braço, o macaco havia se adaptado à prótese: era possível fazer uma coisa com o braço natural, e outra diferente com o mecânico. Ou seja, não é absurdo imaginar que esse novo conhecimento permita não apenas criarmos próteses para deficientes, mas também membros novos para pessoas perfeitamente saudáveis que tal um terceiro braço?

Tudo isso parece ficção, mas é possível que todos nós façamos algo parecido no dia-a-dia. Pense na quantidade de instrumentos que você usa e na facilidade com que faz coisas difíceis como dirigir automóveis, ler, tocar instrumentos, usar talheres. O que a pesquisa de Nicolelis sugere é que tanta destreza pode existir porque, para os nossos neurônios, é como se todos esses objetos fizessem parte do nosso corpo. Macacos e humanos têm a habilidade de incorporar ferramentas na estrutura do cérebro. Na verdade, achamos que o próprio conceito de identidade se estende às nossas ferramentas, diz Nicolelis. Ou seja, para o cérebro, o lápis, o violão ou a bicicleta são literalmente partes de nós. Já é uma idéia impressionante, mas fica mais incrível ainda com outra descoberta: a de que não fazemos isso apenas com objetos, mas também com seres humanos.

Superpoder 4 - Ler pensamentos

Um macaco em um laboratório da Universidade de Parma, na Itália, jamais imaginaria que faria parte de uma das maiores descobertas da ciência quando, 15 anos atrás, descansava com eletrodos implantados no cérebro. Os fios estavam conectados a neurônios que disparavam quando ele fazia movimentos. Por exemplo, se o macaco levantava um objeto, um neurônio começava a funcionar. Até que, despretensiosamente, um cientista levantou um objeto perto do simpático primata. E, para surpresa de todos, exatamente o mesmo neurônio que disparava quando o próprio macaco fazia a ação começou a funcionar. Em alguns casos, bastava o som dessa ação para acionar a célula. Ou seja, era como se a mente do macaquinho simulasse tudo o que os outros fizessem ao redor. Essa tendência para imitar tudo fez com que, em 1996, ao publicarem a descoberta, os cientistas italianos batizassem essas células de neurônios-espelho.

Nos anos seguintes, os cientistas descobriram que não só temos o mesmo sistema dos macacos, como em humanos ele é muito mais desenvolvido. Em humanos, os neurônios-espelho envolvem muito mais áreas e são acionados com mais freqüência. Tanto que, apesar de recém-descobertos, eles já estão sendo propostos para responder por que os bocejos são contagiosos, por que apreciamos a arte, como surgiu a cultura, a sociedade, a linguagem e a civilização e até mesmo para definir quem somos nós.

Os neurônios-espelho estão ativos desde o momento em que nascemos. Faça o teste: mostre sua língua para um recém-nascido e, provavelmente, ele tentará copiá-lo. Parece que o único modo de perceber as coisas é usando o nosso sistema motor e o nosso corpo para imitá-las, diz o neurologista Marco Iacoboni, da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Com o tempo, conseguimos até prever as intenções dos outros: o sistema pode disparar mesmo que as pessoas apenas dêem sinais de que farão alguma coisa. O mesmo vale para as emoções. Cientistas em Marselha, França, mostraram que sentir um cheiro nojento ou ver pessoas fazendo cara de nojo dispara o mesmo grupo de neurônios-espelho.

Esses neurônios, ao que parece, dissolvem a barreira entre a pessoa e os outros, diz o neurologista indiano Vilayanur Ramachandran, da Universidade da Califórnia em San Diego, EUA. Ele faz parte de um grupo de cientistas que acredita que essa tendência para imitar emoções esteja na base da empatia, das habilidades sociais e da própria cultura. Um argumento a favor dessa teoria é a importância dos neurônios-espelho na linguagem: basta ler um texto com a descrição de uma ação para que você dispare essas células cerebrais da mesma forma que faria se a estivesse executando. Ramachandran e outros acreditam que a imitação de movimentos tenha funcionado como uma espécie de linguagem primitiva, que foi se sofisticando até dar origem a sinais abstratos, palavras, línguas complexas e Prêmios Nobel de Literatura.

Os neurônios-espelho podem mudar até mesmo a idéia de quem é você: afinal, para eles, tanto faz se uma ação foi feita por você ou por qualquer outro. Isso mostra que você compartilha sua mente com outras pessoas, que você e os outros não são duas entidades totalmente independentes, mas, sim, dois lados da mesma moeda, diz Iacoboni. É um ponto em que as mais avançadas pesquisas médicas ganham ar de filosofia oriental: a idéia de que você e os outros são partes de um mesmo todo. Culturas onde a ênfase é menos no indivíduo e mais no grupo devem ter pessoas com um sistema de neurônios-espelho mais robusto, diz ele. Ou seja, para o seu cérebro, talvez você seja uma soma do seu organismo, de vários objetos que você usa e de pessoas que estão à sua volta. Pense nisso da próxima vez que alguém disser que você precisa ser você mesmo.

Superpoder 5 - Ampliar seus poderes

Já que o nosso cérebro muda tanto, imagine só se você pudesse fazer isso na marra. Aperte um botão e a depressão vai embora. Mude a configuração e um viciado deixa de sentir a fissura. Ajuste mais um pouco e você consegue aprender mais rápido, ficar mais atento, mais acordado ou ter mais memória. Interessante, não? Não admira que muitos laboratórios estejam buscando máquinas e remédios capazes de algo parecido.

Um dos avanços tem um nome estiloso: estimulação magnética transcraniana de repetição (EMTr). É uma técnica que permite estimular, inibir e modelar circuitos específicos do cérebro. Trata-se de um ímã fortíssimo tão forte quando o de um aparelho de ressonância magnética focado em partes específicas do córtex e aplicado em flashes de apenas 0,2 milésimos de segundo. Emitir menos de um pulso por segundo inibe a região do cérebro sobre a qual ele é direcionado. Dois ou 3 por segundo estimulam. E centenas por segundo fazem a pessoa entrar em convulsão.

Mas, dentro dos parâmetros seguros, a máquina faz proezas. Nós conseguimos usar a EMTr para estimular uma parte do córtex e aliviar a depressão. Também usamos para acelerar o efeito de antidepressivos: em vez de um mês, o remédio apresenta resultados em apenas uma semana, diz o psiquiatra Marco Antonio Marcolin, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele é um dos pioneiros da técnica: seu laboratório também conseguiu o feito de puxar o freio de áreas do cérebro que fazem alguns pacientes sentir dor crônica ou ter alucinações auditivas. Entre as possibilidades da EMTr também está estimular a recuperação em derrames, fazer pessoas parar de fumar, atenuar transtorno de déficit de atenção ou até regular o apetite. A grande vantagem é que a técnica não requer cirurgias nem anestesias e traz resultados que podem se prolongar por meses. Além disso, tem poucos efeitos colaterais e o mais interessante é que, entre eles, pode estar um aumento da memória.

Uma técnica que aumente a capacidade de aprendizado do cérebro é algo que nunca existiu e que muitos pesquisadores tomam como impossível. Mas a EMTr tem a chance de fazer esse milagre, apesar de ninguém ter provado isso com testes em larga escala. Uma das maiores evidências nesse sentido veio da Universidade de Göttingen, na Alemanha, em uma pesquisa que assusta à primeira vista: os voluntários não só receberam os fortíssimos pulsos magnéticos da EMTr como ainda levaram pequenos choques em áreas relacionadas ao controle de movimentos. O surpreendente resultado foi uma melhora de 10% em testes de aprendizado de tarefas motoras. Não conseguimos ainda provar que um baterista poderia usar a técnica para aprimorar seu treinamento, mas é provável que ela poderia ajudá-lo a chegar mais rapidamente ao auge da performance, diz o neurofisiologista alemão Walter Paulus, um dos autores do estudo.

Pesquisas patrocinadas pelo Exército dos EUA também tentam reduzir as máquinas que geram magnetismo a algo que se possa colocar no capacete de um piloto de caça para melhorar seu desempenho. E até já se imaginou um aparelho parecido com um tocador de mp3 que usasse pequenos choques para estimular o cérebro ao toque de um botão.

Mas ninguém tem prometido tanto um caminho para uma mente turbinada quanto a indústria farmacêutica. Existe mais de uma dezena de remédios em estudo para aprimorar funções do cérebro como memória, atenção e resistência ao sono. Alguns agem sobre uma proteína chamada CREB, capaz de aumentar ou diminuir a produção de moléculas essenciais nas ligações que os neurônios fazem entre si ao gravarem novas informações e, assim, turbinar a memória. Ao menos em laboratório, ratos e moscas lembram mais rapidamente dos objetos em seu ambiente ao receber um remédio que estimula a CREB. Outras pesquisas buscam agir sobre neurotransmissores substâncias que os neurônios usam para se comunicar , uma abordagem que já rendeu remédios em fase de testes para pacientes com o mal de Alzheimer. Mas, assim como com a EMTr, pouco se chegou a provar sobre a eficácia desses estimulantes em pessoas saudáveis.

Por enquanto, a grande sensação nesse tipo de pesquisa é o modafinil, uma droga disponível nos EUA e na Europa que permite descansar 4 horas por noite ou ficar dois dias sem dormir e sem sentir sono. Desde que foi lançada há 7 anos para curar narcolepsia (um sono súbito e incontrolável), o remédio vem se tornando popular, com vendas chegando a 575 milhões de dólares só no ano passado. A grande vantagem sobre outras drogas até então usadas para se ficar acordado como café ou anfetaminas é a quase ausência de efeitos colaterais. A pessoa continua atenta e com boa capacidade de julgamento mesmo com até 72 horas sem dormir. Para alguns, ela fará para o sono o que o anticoncepcional fez para o sexo: separar o ato das suas conseqüências biológicas. Para outros, pode não ser tão bom negócio: sabe-se lá o que pode acontecer a longo prazo com a vida, a criatividade e os hábitos de uma pessoa ou de uma sociedade que nunca dorme.

É que mudar o funcionamento do cérebro pode trazer problemas. Aumentar a memória, por exemplo, tem riscos. Milhões de anos de evolução otimizaram o equilíbrio entre a informação necessária e a não necessária. Desregular esse sistema talvez encha a sua cabeça de informações inúteis e de problemas, diz Paulus. Para o bem ou para o mal, o nosso conhecimento sobre a mente aumentará daqui em diante. Mas, mesmo com novas máquinas e remédios, nenhuma tecnologia será capaz de fazer você saber o que nunca aprendeu. A capacidade do seu cérebro depende, antes de mais nada, de tudo o que leu, viu, experimentou e viveu. E isso depende apenas de você.

Depressão não é tristeza?

A teoria tradicional diz que a depressão é uma deficiência de serotonina um neurotransmissor relacionado a funções como o humor, o sono e o apetite e, para combatê-la, tudo o que os antidepressivos fazem é aumentar a quantidade dessa substância no cérebro. Mas duas questões nessa teoria intrigam os cientistas há algum tempo. A primeira é que, pouco depois de tomar esses remédios, o cérebro já está cheio de serotonina e, no entanto, nada acontece. O segundo é que os efeitos esperados só vão aparecer um mês depois. Um mês é exatamente o tempo que o cérebro leva para produzir novos neurônios e fazê-los funcionar. Foi daí que se suspeitou que existe uma relação entre a depressão e a queda na produção de novas células no cérebro.

Outros indícios reforçaram a hipótese: o estresse um dos principais fatores que desencadeiam a depressão também inibe a neurogênese, como se o cérebro estivesse mais preocupado em sobreviver ao fator estressante que em produzir neurônios para o futuro. Mas a primeira evidência concreta veio em 2000, quando cientistas americanos mostraram que os principais tratamentos antidepressivos aumentam a neurogênese em ratos adultos. No ano seguinte, percebeu-se também que bloquear o nascimento de neurônios em ratos tornava ineficazes os antidepressivos. Agora a esperança é encontrar uma forma de estimular a neurogênese e, com isso, aliviar a depressão. Ao que indicam esses estudos, essa doença pode não ser só um estado de tristeza, mas, sim, o efeito da falta de neurônios novos e da conseqüente perda da habilidade de se adaptar a mudanças.

Este é o seu cérebro em...

Paixão
Muita coisa muda, mas poucas relacionadas ao desejo sexual. Os sistemas mais acionados são os de motivação e recompensa, também usado quando um viciado consome drogas ou quando um apostador ganha um prêmio. Para os pesquisadores, é uma resposta parecida com a que os demais mamíferos apresentam ao buscar um parceiro adequado.

Susto
O sentimento de uma possível ameaça faz dois caminhos no cérebro. Um é direto para um estrutura chamada amígdala, responsável por lidar com fortes estímulos emocionais e capaz de dar respostas rápidas, como aumentar os batimentos cardíacos. O segundo passa pelo córtex e é mais lento, mas é onde percebemos se aquilo é mesmo algo perigoso ou apenas um susto.

Humor
Ver cartuns aciona sistemas relacionados à linguagem e ao processamento de imagens para que você entenda a graça. Mas, uma vez que você pegou a piada, muda tudo lá no cérebro. Aí acendem sistemas de recompensa, que estão ligados a vários tipos de prazer. Curiosamente, isso acontece mais em mulheres que em homens ninguém ainda sabe explicar bem por quê.

Concentração
Segundo cientistas israelenses, em tarefas que exigem muita atenção (como identificar uma imagem em uma série rápida de figuras), o cérebro concentra os esforços em áreas sensoriais e silencia uma região associada ao sentimento de introspecção. O que significa que, diante de uma tarefa difícil, você literalmente esquece que a vida existe.

A máquina de ler mentes

Cuidado com o que você pensa. Alguns laboratórios já criaram técnicas para ler a mente. Em 2005, pesquisadores japoneses mostraram para voluntários padrões de linhas em várias direções enquanto escaneavam o cérebro com aparelhos de ressonância magnética funcional (RMF). Em seguida, analisaram as áreas acionadas durante a experiência e conseguiram deduzir qual padrão os voluntários estavam vendo.

A brincadeira deve esquentar até o final do ano. É quando duas empresas americanas a Cephos e a No Lie MRI devem levar ao mercado os primeiros detectores de mentiras baseados em RMF. A diferença em relação aos detectores tradicionais é a precisão: não dá para enganar uma máquina que está olhando dentro da sua cabeça. A técnica parte do princípio de que, para o cérebro, contar uma mentira é difícil envolve as mesmas áreas de falar a verdade e algumas outras mais , como se a sua mente precisasse primeiro ocultar o impulso de dizer a verdade e depois inventar uma mentira. Ou seja, se alguém perguntar o seu nome, ele automaticamente aparece na sua cabeça. Se quiser mentir, você terá que primeiro esquecê-lo e depois inventar um outro.

Ainda é bastante complicado usar essas máquinas a pessoa precisa ficar completamente imóvel dentro de um enorme tubo e por isso se acredita que, a princípio, ela será usada apenas por voluntários dispostos a confirmar sua versão da história. Mas, com o tempo, é possível que ela se torne disponível em todo tipo de julgamento e até em salas de embarque de aeroportos ou em entrevistas de emprego. Fascinante. E assustador.

Colocando um freio no tempo

Não é muito difícil fazer minutos e segundos durar mais. Algumas drogas ilegais bastante disponíveis fazem isso. Monges em meditação, atletas no auge de sua atividade e pessoas muito concentradas em sua atividade têm a mesma impressão. E pesquisas científicas podem encontrar outras formas de fazer isso, à medida que os cientistas comecem a decifrar os mecanismos com os quais percebemos a passagem do tempo. O nosso cérebro tem 3 relógios. O primeiro determina o ritmo dos dias, os momentos de sono ou de alerta. Outro controla atividades que duram milésimos de segundo, como as que se passam no controle de atividades motoras finas. Já o terceiro fica no meio do caminho, no ritmo dos minutos e segundos, e é em grande parte aí que está nossa consciência da passagem do tempo. No ano passado, pesquisas com técnicas de imagem feitas na Universidade Duke, EUA, levaram a um modelo de como ele funciona. O segredo pode estar no corpo estriado, uma região bem na base do cérebro que monitora as ondas que os demais neurônios emitem ao produzir suas atividades. Assim como um maestro dá o ritmo de uma orquestra, essa região integra todas essas ondas em uma estimativa da passagem do tempo. No futuro, talvez seja possível manipular neurotransmissores nessa região e, dessa forma, fazer o tempo passar mais devagar sem sofrer outros efeitos colaterais. Até lá, a única forma é tentar formas mais naturais de esticar os minutos e segundos, como exercícios de meditação e concentração, ou simplesmente ficando parado: afinal, sempre que você está sem fazer nada, o tempo passa mais devagar.

Cães ajudam na recuperação de pacientes de hospital de SP - BandNews

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Médico cria coração para quem aguarda transplante - BandNews

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Dieta Já

Dieta Já

Brigas conjugais podem ser prejudiciais ao coração

Brigas conjugais podem ser prejudiciais ao coração

Tara Parker-Pope

Discutir é uma parte inevitável da vida de um casal. Agora, entretanto, os pesquisadores estão colocando a briga conjugal sob o microscópio, para ver se a forma como a pessoa briga com seu cônjuge pode afetar sua saúde.

Estudos recentes mostram que a freqüência e o assunto das brigas dos casais, em geral, não importam. Em vez disso, são as nuances das interações entre homens e mulheres e como reagem e resolvem o conflito que parecem fazer uma diferença significativa na saúde do casamento e do casal.

Em um estudo, perguntou-se a quase 4.000 homens e mulheres de Framingham, Massachusetts, se ventilavam seus sentimentos ou ficavam quietos nas discussões com seus cônjuges. Notavelmente, 32% dos homens e 23% das mulheres disseram que, em geral, engoliam seus sentimentos durante uma briga conjugal.

Manter o silêncio em uma briga não provocou efeito mensurável na saúde dos homens. Mas as mulheres que não se expressavam nas brigas apresentaram quatro vezes mais chance de morrer durante o período de 10 anos do estudo, assim como mulheres que não diziam aos seus maridos como se sentiam, de acordo com artigo publicado em julho na Psychosomatic Medicine. O fato de a mulher declarar estar em um casamento feliz ou infeliz não mudava seu risco.

A tendência de engolir sentimentos durante uma briga é chamada de auto-silenciamento. Para os homens, pode ser simplesmente uma decisão calculada e inofensiva de manter a paz. Mas quando as mulheres ficam quietas, isso tem um preço físico surpreendente.

"Quando você suprime a comunicação e os sentimentos durante o conflito com o marido, faz algo muito negativo com sua fisiologia e, no longo prazo, afeta sua saúde", disse Elaine Eaker, epidemiologista em Gaithersburg, Maryland, principal autora do estudo. "Isso não significa que as mulheres devem começar a jogar pratos nos maridos, mas é preciso haver um ambiente seguro, em que os dois possam se comunicar igualmente."

Outros estudos chefiados por Dana Crowley Jack, professora de estudos interdisciplinares na Universidade Western Washington em Bellingham, Washington, ligaram o auto-silenciamento a inúmeros riscos psicológicos e físicos, inclusive depressão, distúrbios alimentares e doença cardíaca.

Manter o silêncio durante uma briga com um cônjuge é algo "que todos temos que fazer algumas vezes", disse Jack. "Mas nos preocupamos com as pessoas que o fazem em uma forma mais extrema."

O tom que os homens e mulheres assumem durante as discussões com um cônjuge também pode afetar sua a saúde. Pesquisadores do Utah filmaram 150 casais para medir o efeito que o estilo da discussão conjugal tinha sobre o risco cardíaco. Os participantes tinham quase 60 anos, estavam casados em média por mais de 30 anos e não tinham sinais de doença cardíaca. Os casais receberam assuntos estressantes para discutir, como dinheiro e tarefas domésticas, e os comentários feitos durante as discussões que se seguiram foram categorizados como calorosos, hostis, controladores ou submissos. Os participantes também passaram por avaliações cardíacas para medir o cálcio na artéria coronária, indicador de risco de doença cardíaca.

Os pesquisadores descobriram que o estilo de briga detectado nas sessões de vídeo era uma forma poderosa de prever risco de doença cardíaca subjacente. De fato, a forma como o casal interagia era tão importante como fator de risco cardíaco quanto se fumavam ou se tinham altos níveis de colesterol, disse Timothy W. Smith, professor de psicologia da Universidade de Utah, que apresentou o estudo no ano passado à Sociedade Psicossomática Americana.

Para as mulheres, se o estilo de discussão do marido era caloroso ou hostil tinha maior efeito na saúde cardíaca delas. Smith observou que, em uma briga sobre dinheiro, por exemplo, um homem dizia: "Você conseguiu passar em matemática na escola?"

Enquanto outro dizia: "Ainda bem que, mesmo não sendo tão boa no controle do livro de cheques, você é boa em outras coisas." Nas duas trocas, o marido estava criticando as habilidades de gerenciamento de dinheiro da mulher, mas o segundo comentário envolvia certa afetividade. No estudo, um estilo carinhoso de discussão por qualquer um dos dois diminuiu o risco da mulher desenvolver doença cardíaca.

O estilo de discussão afetou homens e mulheres diferentemente. O nível de calor ou hostilidade não teve efeito na saúde cardíaca dos homens. Para eles, o efeito na saúde surgia se, na discordância com a mulher, houvesse uma batalha por controle. E não importava se era ele ou a mulher quem fizesse os comentários controladores. Um exemplo de um estilo de discussão controlador apareceu em um vídeo de um homem que discutia com sua mulher sobre dinheiro: "Você realmente deveria me ouvir nisso", disse a ela.

O que é particularmente notável sobre o estudo é que homens e mulheres preencheram questionários sobre a qualidade de seus relacionamentos, mas suas respostas não foram boas para prever o risco cardiovascular. A diferença no risco apresentou-se apenas quando a qualidade do estilo de briga do casal foi avaliada.

"Os desacordos em um casamento são inevitáveis, mas (o que faz diferença) é como você se conduz", disse Smith. "Você consegue discutir de uma forma que suas preocupações são abordadas, mas sem causar danos ao mesmo tempo? Essa não é uma meta fácil para alguns casais."

Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do The New York Times

Medicamento natural contra hipertensão

Medicamento natural contra hipertensão
Comprovado efeito vasodilatador do extrato da planta brasileira conhecida como chapéu-de-couro


O chapéu-de-couro ( Echinodorus grandiflorus ) é uma planta encontrada em todo o Brasil, principalmente na região Sudeste. (Crédito: Gutemberg Brito/ IOC).
Pacientes que sofrem de hipertensão arterial poderão contar no futuro com um novo medicamento para tratar a doença. Estudo realizado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovou, por meio de testes in vitro e em animais, o efeito vasodilatador do extrato da planta brasileira Echinodorus grandiflorus , popularmente conhecida como chapéu-de-couro. Se confirmado o mesmo efeito em humanos, o composto poderá ser usado no tratamento crônico da hipertensão arterial.

O chapéu-de-couro, planta encontrada em todo o Brasil, principalmente na região Sudeste, já era usado popularmente no tratamento da hipertensão arterial. Há cinco anos, pesquisadores do Laboratório de Farmacologia Neuro-Cardiovascular do IOC, em colaboração com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), também da Fiocruz, iniciaram os testes para avaliar os efeitos da planta.

Até agora, a eficácia do chapéu-de-couro como vasodilatador já foi comprovada em estudos pré-clínicos. Em uma primeira etapa, o extrato da planta foi aplicado em aortas de coelhos pré-contraídas pela ação de noradrenalina, substância que provoca a diminuição do diâmetro dos vasos sangüíneos, o que resulta no aumento da pressão arterial. Após os bons resultados nessa primeira fase, em que se verificou o relaxamento das aortas dos coelhos, o extrato da planta foi testado com sucesso em ratos espontaneamente hipertensos (que apresentam hipertensão arterial semelhante à forma humana da doença).

A próxima etapa da pesquisa será a análise toxicológica do extrato, para avaliar possíveis efeitos tóxicos do composto no organismo. Em seguida, serão realizados estudos clínicos em pacientes. Se os resultados forem positivos, os pesquisadores pretendem desenvolver um medicamento fitoterápico contra hipertensão que seja tão eficaz quanto os convencionais.

Segundo o farmacologista Eduardo Tibiriçá, chefe do Laboratório de Farmacologia Neuro-cardiovascular do IOC, os medicamentos fitoterápicos não exigem o isolamento do princípio ativo, ou seja, não é necessária a purificação do extrato da planta até que se encontre uma ou mais substâncias responsáveis pelo efeito estudado. Além disso, a produção do fitoterápico deve usar um extrato padronizado a partir de um lote único de plantas, retiradas de um mesmo local e com as mesmas características químicas. “Com o uso do extrato bruto da planta, o tempo e o custo de produção são menores, já que não há gastos com o processo de purificação”, destaca.

Embora o chapéu-de-couro seja usado popularmente como anti-hipertensivo, o farmacologista ressalta que mesmo os medicamentos feitos à base de plantas podem oferecer riscos à saúde, o que evidencia a necessidade da análise científica. “Assim como qualquer outro medicamento, os fitoterápicos devem ser desenvolvidos cientificamente, atendendo às exigências estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre elas a padronização do extrato e a comprovação de sua eficácia e segurança.”

Segundo Tibiriçá, a equipe enfrenta dificuldades para dar continuidade às pesquisas. “A solução pode ser a parceria com alguma indústria farmacêutica, em um processo de transferência de tecnologia, ou até com o Ministério da Saúde, já que as doenças cardiovasculares, entre elas, a hipertensão arterial, são responsáveis por um terço da mortalidade no Brasil.”


Rachel Rimas
Ciência Hoje On-line
02/10/2007

Cientistas inventam travesseiro que acaba com ronco

04/10/2007 - 16h34
Cientistas inventam travesseiro que acaba com ronco
Por Catherine Bosley
Cientistas alemães apresentaram uma solução para o ronco: um travesseiro computadorizado que ergue a cabeça de quem estiver dormindo até que o som do ronco pare.

Daryoush Bazargani, professor de ciências da computação da University of Rostock e inventor do travesseiro, exibia um protótipo da sua invenção numa conferência sobre saúde na quarta-feira na Alemanha.

"O travesseiro é ligado a um computador, que é do tamanho de um livro, fica apoiado numa mesa ao lado, e analisa o barulho dos roncos", disse Bazargani à Reuters.

"O computador então reduz ou alarga seus compartimentos de ar dentro do travesseiro para facilitar o fluxo de ar nasal e minimizar o ronco conforme a cabeça do usuário se ergue durante o sono", afirma o inventor.

O travesseiro ergonômico pode também ser usado para massagens no pescoço.

Bargani disse que muitas empresas nos Estados Unidos estavam interessadas em fabricar o travesseiro.

"Inventei porque eu ronco", confessou. "Tentei todo tipo de produto, mas nada funcionou. Espero que as pessoas que usem o travesseiro durmam mais tranquilamente"

Intestino: O "Segundo Cérebro" e sua Influência na Saúde e Bem-Estar

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