Saturday, October 06, 2007

Medicamento natural contra hipertensão

Medicamento natural contra hipertensão
Comprovado efeito vasodilatador do extrato da planta brasileira conhecida como chapéu-de-couro


O chapéu-de-couro ( Echinodorus grandiflorus ) é uma planta encontrada em todo o Brasil, principalmente na região Sudeste. (Crédito: Gutemberg Brito/ IOC).
Pacientes que sofrem de hipertensão arterial poderão contar no futuro com um novo medicamento para tratar a doença. Estudo realizado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comprovou, por meio de testes in vitro e em animais, o efeito vasodilatador do extrato da planta brasileira Echinodorus grandiflorus , popularmente conhecida como chapéu-de-couro. Se confirmado o mesmo efeito em humanos, o composto poderá ser usado no tratamento crônico da hipertensão arterial.

O chapéu-de-couro, planta encontrada em todo o Brasil, principalmente na região Sudeste, já era usado popularmente no tratamento da hipertensão arterial. Há cinco anos, pesquisadores do Laboratório de Farmacologia Neuro-Cardiovascular do IOC, em colaboração com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), também da Fiocruz, iniciaram os testes para avaliar os efeitos da planta.

Até agora, a eficácia do chapéu-de-couro como vasodilatador já foi comprovada em estudos pré-clínicos. Em uma primeira etapa, o extrato da planta foi aplicado em aortas de coelhos pré-contraídas pela ação de noradrenalina, substância que provoca a diminuição do diâmetro dos vasos sangüíneos, o que resulta no aumento da pressão arterial. Após os bons resultados nessa primeira fase, em que se verificou o relaxamento das aortas dos coelhos, o extrato da planta foi testado com sucesso em ratos espontaneamente hipertensos (que apresentam hipertensão arterial semelhante à forma humana da doença).

A próxima etapa da pesquisa será a análise toxicológica do extrato, para avaliar possíveis efeitos tóxicos do composto no organismo. Em seguida, serão realizados estudos clínicos em pacientes. Se os resultados forem positivos, os pesquisadores pretendem desenvolver um medicamento fitoterápico contra hipertensão que seja tão eficaz quanto os convencionais.

Segundo o farmacologista Eduardo Tibiriçá, chefe do Laboratório de Farmacologia Neuro-cardiovascular do IOC, os medicamentos fitoterápicos não exigem o isolamento do princípio ativo, ou seja, não é necessária a purificação do extrato da planta até que se encontre uma ou mais substâncias responsáveis pelo efeito estudado. Além disso, a produção do fitoterápico deve usar um extrato padronizado a partir de um lote único de plantas, retiradas de um mesmo local e com as mesmas características químicas. “Com o uso do extrato bruto da planta, o tempo e o custo de produção são menores, já que não há gastos com o processo de purificação”, destaca.

Embora o chapéu-de-couro seja usado popularmente como anti-hipertensivo, o farmacologista ressalta que mesmo os medicamentos feitos à base de plantas podem oferecer riscos à saúde, o que evidencia a necessidade da análise científica. “Assim como qualquer outro medicamento, os fitoterápicos devem ser desenvolvidos cientificamente, atendendo às exigências estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre elas a padronização do extrato e a comprovação de sua eficácia e segurança.”

Segundo Tibiriçá, a equipe enfrenta dificuldades para dar continuidade às pesquisas. “A solução pode ser a parceria com alguma indústria farmacêutica, em um processo de transferência de tecnologia, ou até com o Ministério da Saúde, já que as doenças cardiovasculares, entre elas, a hipertensão arterial, são responsáveis por um terço da mortalidade no Brasil.”


Rachel Rimas
Ciência Hoje On-line
02/10/2007

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