Wednesday, November 22, 2017

Apontando o caminho para a prevenção primária da demência, publicado pelo The Lancet Neurology


Apontando o caminho para a prevenção primária da demência, publicado pelo The Lancet Neurology


A+A-Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia
Apontando o caminho para a prevenção primária da demência, publicado pelo The Lancet Neurology

Uma análise de dados populacionais mostrou que cerca de um terço dos casos de doença de Alzheimer1 (DA), nos EUA e na Europa, foram atribuídos a sete fatores de risco potencialmente modificáveis: inatividade física, tabagismo, hipertensão arterial2 na meia idade, obesidade3 na meia idade, diabetes mellitus4, depressão e baixa escolaridade.
Os resultados sugeriram que, ao atingir esses fatores de risco com intervenções de saúde5 pública, a prevalência6 da doença poderia ser substancialmente reduzida.
A hipótese de que cerca de um terço dos casos de demência7 podem ser evitados ou retardados, agora é corroborada por descobertas da The Lancet Commission on Dementia Prevention, Intervention and Care, também divulgadas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer8 (AAIC).
A Comissão acrescenta o isolamento social e a perda de audição na meia-idade à lista de fatores epidemiológicos relevantes e apresenta um hipotético modelo de curso de vida e sua contribuição para a demência7. O modelo estima que 35% dos casos de demência7 poderiam ser prevenidos se esses fatores de risco fossem eliminados. Portanto, uma recomendação chave da Comissão é "ser ambicioso quanto à prevenção" da demência7, com foco em intervenções para aumentar a resiliência e promover estilos de vida mais saudáveis.
Saiba mais sobre "Demência7" e "Mal de Alzheimer8".
As recomendações de um relatório da National Academies of Sciences, Engineering and Medicine, encomendadas pelo US National Institute on Aging (NIA), e divulgadas em 22 de junho, parecem mais restritas. O relatório, intitulado Preventing Cognitive Decline and Dementia: A Way Forward, conclui que a evidência científica não é suficientemente robusta para justificar "uma campanha de saúde5 pública assertiva destinada a uma adoção generalizada de qualquer intervenção".
Esta conclusão baseou-se principalmente em achados de uma revisão sistemática. A revisão considerou evidências apenas de estudos com pelo menos seis meses de acompanhamento que avaliaram a eficácia das intervenções para retardar ou diminuir o declínio cognitivo9 em indivíduos saudáveis ou com comprometimento cognitivo9 leve e excluíram estudos epidemiológicos. Suas descobertas são de evidências moderadas. Apenas as intervenções de treinamento cognitivo9 tiveram efeitos positivos (e apenas no domínio cognitivo9 visado pela intervenção). Algumas evidências, mas mais fracas, foram encontradas em apoio a intervenções de atividade física e de apoio a intervenções nutracêuticas e dietéticas. A evidência sobre os efeitos cognitivos10 do tratamento anti-hipertensivo foi considerada encorajadora, mas inconclusiva.
Dada a falta de evidências sólidas, o relatório comissionado pela NIA exige novas pesquisas para confirmar a eficácia dessas intervenções, em particular do treinamento cognitivo9 e do aumento da atividade física, isoladamente ou em combinação. Devido à complexidade das vias que levam à demência7, espera-se que as intervenções multimodais sejam mais eficazes do que as que visam um único fator de risco11, pois podem ter efeitos sinérgicos.
Na verdade, o relatório reconhece que as descobertas mais promissoras a esse respeito vieram do estudo finlandês Finnish Geriatric Intervention Study to Prevent Cognitive Impairment and Disability (FINGER), um dos vários ensaios da European Dementia Prevention Initiative. No estudo FINGER, mais de 1.200 participantes (60-77 anos) foram distribuídos aleatoriamente para receber uma intervenção multimodal (treinamento cognitivo9, exercício físico, dieta e monitoramento do risco vascular12) ou conselhos gerais de saúde5. Estes participantes foram considerados de alto risco para demência7 (avaliados pelo uso de uma pontuação baseada na idade, sexo, escolaridade e outros fatores de risco) e seu desempenho cognitivo13 foi ou igual ou ligeiramente inferior ao nível médio esperado para a idade. A intervenção foi viável e segura e teve resultados positivos para o seu desfecho primário: um efeito pequeno, mas benéfico, na função cognitiva14 foi detectado após 2 anos no grupo que recebeu a intervenção multimodal intensiva.
De acordo com as recomendações do relatório da NIA e da The Lancet Commission, a intervenção no estilo de vida do FINGER agora será adaptada e testada em vários outros países, incluindo China, Cingapura, EUA e Reino Unido. Ao harmonizar a metodologia e compartilhar dados, a rede World Wide FINGERS pode gerar evidências sólidas sobre a eficácia das intervenções combinadas em diferentes contextos e populações. Em alguns anos, a evidência deve estar disponível para orientar as políticas de saúde5 pública a diminuir o enorme fardo causado pela demência7 e reduzir seus custos para os sistemas de saúde5 em todo o mundo.
Leia também sobre "Surdez em idosos e o risco de demência7" e "Como melhorar a memória".

Fonte: The Lancet Neurology, volume 16, número 9, de setembro de 2017

No comments:

Intestino: O "Segundo Cérebro" e sua Influência na Saúde e Bem-Estar

  Intestino: O "Segundo Cérebro" e sua Influência na Saúde e Bem-Estar O intestino, frequentemente chamado de "segundo cérebr...