Thursday, August 27, 2015

Mal de Pott: o que é isso?

Mal de Pott: o que é isso?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015
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Mal de Pott: o que é isso?
O que é Mal de Pott?
O Mal de Pott, também conhecido como espondilite tuberculosa, é uma das doenças mais antigas de que se tem conhecimento, tendo sido documentada em restos da coluna vertebral1 da Idade do Ferro, na Europa e em antigas múmias do Egito e da costa do Pacífico da América do Sul. Trata-se da infecção2 das vértebras pelo bacilo3 da tuberculose4. A primeira descrição clássica da doença foi feita em 1779, por Percivall Pott. Desde o advento das medicações tuberculostáticas e de melhores medidas de saúde5 pública, a tuberculose4 espinhal tornou-se rara em países industrializados, embora ainda seja uma importante causa de doença em países em desenvolvimento.
Quais são as causas do Mal de Pott?
A tuberculose4 vertebral se dá através da inalação do Bacilo3 de Koch, que passa para o sangue6 e aloja-se na coluna, preferencialmente nas últimas vértebras torácicas ou lombares e aí inicia o processo de destruição óssea e, se não tratada, leva ao comprometimento de todas as outras vértebras e articulações7 da coluna. O Mal de Pott é o tipo de tuberculose4 extrapulmonar mais comum e se deve ao fato de que as estruturas da coluna vertebral1 sejam ricamente vascularizadas.
Qual é a fisiopatologia8 do Mal de Pott?
O Mal de Pott geralmente é secundário a uma fonte extraespinhal (=fora da coluna) de infecção2 tuberculosa. A doença manifesta-se como uma combinação de osteomielite9 e artrite10 que envolve mais de uma vértebra. A parte afetada é o corpo anterior da vértebra, mas a infecção2 pode se espalhar a partir dessa área para os discos intervertebrais adjacentes. Em adultos, o acometimento dos discos sempre se dá secundariamente à infecção2 do corpo vertebral. Em crianças, como os discos ainda são bem vascularizados, a infecção2 pode ser primária.
Quais são os principais sinais11 e sintomas12 do Mal de Pott?
Os sinais11 e sintomas12 do Mal de Pott dependem do estágio da doença, do local afetado e da presença de complicações. Os sintomas12 potenciais da doença Pott incluem febre13, dores nas costas14 e perda de peso. A dor nas costas14 é o sintoma15 mais precoce e mais comum de doença de Pott e pode ter características espinhais ou radiculares. A destruição óssea progressiva leva à destruição das vértebras, ao colapso16 vertebral e à cifose. O canal medular pode ser estreitado por abscessos17, tecido de granulação18 ou invasão direta da dura-máter19, levando à compressão da medula espinhal20 e a déficits neurológicos.
As lesões21 da coluna vertebral1 torácica são mais susceptíveis de conduzir à cifose que as da coluna lombar. Um abscesso22 frio pode ocorrer se a infecção2 se estender para ligamentos23 e tecidos moles adjacentes. Os abscessos17 na região lombar24 podem descender abaixo da bainha do músculo psoas25 até a região femoral e eventualmente corroer a pele26.
Anormalidades neurológicas ocorrem em metade dos casos e podem incluir compressão do canal da medula espinhal20 com paraplegia27, paralisias, alterações da sensibilidade, dor de raiz nervosa e/ou síndrome da cauda equina28. A tuberculose4 da espinha cervical é menos comum, mas potencialmente gera complicações neurológicas mais graves. As secções torácica e lombar da coluna são afetadas quase igualmente, com leve predomínio da coluna torácica. Em conjunto, as duas representam 80-90% dos casos de Mal de Pott e os casos restantes ocorrem na coluna cervical29. Quase todos os pacientes com a doença têm algum grau de deformação da coluna (cifose). Uma grande proporção de pacientes com doença de Pott não apresenta a doença fora dos ossos. Apenas 10-38% dos casos estão associados à tuberculose4 não óssea.
Como o médico diagnostica o Mal de Pott?
A primeira aproximação do diagnóstico30 deve partir dos sintomas12 relatados pelo paciente e por um detalhado exame físico, com avaliação do alinhamento da coluna, inspeção31 da pele26, avaliação da massa subcutânea32 do flanco33 e exame neurológico minucioso. Os estudos de laboratório utilizados para o diagnóstico30 incluem teste tuberculínico, taxa de sedimentação de eritrócitos34 e estudos microbiológicos35. As alterações radiográficas mostram destruição lítica do corpo vertebral, colapso16 das vértebras, esclerose36 reativa, sombra alargada do músculo psoas25, com ou sem calcificação37, placas38 vertebrais osteoporóticas e discos intervertebrais reduzidos ou destruídos.
A tomografia computadorizada39 fornece detalhe das lesões21 líticas, das escleroses, do colapso16 de disco e do rompimento de estruturas ósseas. Procedimentos guiados por tomografia computadorizada39 podem ser usados para orientar a amostragem das estruturas ósseas ou dos tecidos moles afetados. A ressonância magnética40 é mais eficaz para demonstrar a extensão da doença em tecidos moles e a propagação da tuberculose4 para os ligamentos23 e para demonstrar a compressão neural. A biópsia41 das lesões21 ósseas guiada por tomografia computadorizada39 é um procedimento seguro, que permite obter uma amostra para confirmar o diagnóstico30 e para fazer cultura e testes de sensibilidade. O diagnóstico30 do Mal de Pott impõe a verificação de tuberculose4 extra-óssea.
Como o médico trata o Mal de Pott?
As opiniões diferem quanto a se o tratamento de escolha deve ser apenas quimioterapia42 conservadora ou uma combinação de quimioterapia42 e cirurgia. Melhor é que a decisão seja individualizada para cada paciente e a cirurgia não seja indicada de rotina. As cintas de imobilização, uma forma tradicional de tratamento, atualmente têm sido descartadas. Na medida do possível, os pacientes com Mal de Pott devem ser tratados com órteses43 externas. O tratamento do Mal de Pott é longo e deve durar de seis a nove meses contínuos e muitos especialistas ainda recomendam estendê-lo para nove a doze meses em casos de múltiplos focos vertebrais. Por isso, os pacientes devem ser monitorizados para que seja avaliada a sua resposta à terapia e o correto cumprimento da medicação. No entanto, para casos selecionados, com a indicação de cirurgias que permitam o debridamento (debridar = retirar os tecidos mortos ou danificados) da lesão44, uma terapia de quatro a cinco meses pode ser suficiente.
Como evolui o Mal de Pott?
Os tratamentos atuais são altamente eficazes se a doença não é complicada por deformidade grave ou déficit neurológico estabelecido. Os tratamentos ou estratégias médicas e cirúrgicas combinadas podem controlar a doença na maioria dos pacientes.
Quais são as complicações possíveis do Mal de Pott?
O envolvimento tuberculoso da coluna vertebral1 tem potencial para causar morbidades preocupantes, incluindo déficits neurológicos permanentes e deformidades graves.
ABC.MED.BR, 2015. Mal de Pott: o que é isso?. Disponível em: . Acesso em: 27 ago. 2015.

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