Thursday, May 07, 2020

Características clínicas da Covid-19 na cidade de Nova York, EUA

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Características clínicas da Covid-19 na cidade de Nova York, EUA

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Características clínicas da Covid-19 na cidade de Nova York, EUA
O mundo está em meio à pandemia1 da doença do coronavírus 2019 (Covid-19), e a cidade de Nova York emergiu como um epicentro. Nessa correspondência publicada no The New England Journal of Medicine, caracterizou-se os primeiros 393 pacientes consecutivos com Covid-19 que foram admitidos em dois hospitais na cidade de Nova York.
Esta série de casos retrospectivos inclui adultos com 18 anos ou mais com Covid-19 confirmada, que foram admitidos consecutivamente entre 5 de março (data do primeiro caso positivo) e 27 de março de 2020, em um centro de referência quaternário com 862 leitos e um hospital comunitário afiliado de 180 leitos em Manhattan.
Ambos os hospitais adotaram uma estratégia de intubação precoce com uso limitado de cânulas nasais de alto fluxo durante esse período. Os casos foram confirmados através de ensaios de reação em cadeia da polimerase-transcriptase reversa, realizados em amostras de material nasofaríngeo.
Os dados foram abstraídos manualmente dos prontuários eletrônicos de saúde2 com o uso de um protocolo controlado pela qualidade e uma ferramenta de abstração estruturada.
Saiba mais sobre "Coronavírus e COVID-19", "Intubação endotraqueal" e "Testes da COVID-19".
Entre os 393 pacientes, a idade média foi de 62,2 anos, 60,6% eram do sexo masculino e 35,8% apresentavam obesidade3. Os sintomas4 mais comuns foram tosse (79,4%), febre5 (77,1%), dispneia6 (56,5%), mialgias7 (23,8%), diarreia8 (23,7%) e náuseas9 e vômitos10 (19,1%). A maioria dos pacientes (90,0%) apresentava linfopenia, 27% trombocitopenia11 e muitos apresentavam valores elevados da função hepática12 e marcadores inflamatórios.
Entre 5 de março e 10 de abril, a insuficiência respiratória13 que levou à ventilação14 mecânica invasiva se desenvolveu em 130 pacientes (33,1%); até o momento, apenas 43 desses pacientes (33,1%) foram extubados. No total, 40 dos pacientes (10,2%) morreram e 260 (66,2%) receberam alta do hospital; os dados do desfecho estão incompletos para os 93 pacientes restantes (23,7%).
Os pacientes que receberam ventilação14 mecânica invasiva tinham maior probabilidade de ser do sexo masculino, ter obesidade3 e ter valores elevados da função hepática12 e marcadores inflamatórios (ferritina, d-dímero, proteína C reativa e procalcitonina) do que os pacientes que não receberam ventilação14 mecânica invasiva.
Dos pacientes que receberam ventilação14 mecânica invasiva, 40 (30,8%) não necessitaram de oxigênio suplementar durante as primeiras 3 horas após a apresentação no pronto-socorro. Os pacientes que receberam ventilação14 mecânica invasiva apresentaram maior probabilidade de precisar de suporte vasopressor (95,4% vs. 1,5%) e de apresentar outras complicações, incluindo arritmias15 atriais (17,7% vs. 1,9%) e nova terapia de substituição renal16 (13,3% vs. 0,4%).
Entre esses 393 pacientes com Covid-19 internados em dois hospitais da cidade de Nova York, as manifestações da doença na apresentação foram geralmente semelhantes às de uma grande série de casos da China; no entanto, os sintomas4 gastrointestinais pareciam ser mais comuns do que na China (onde esses sintomas4 ocorreram em 4 a 5% dos pacientes). Essa diferença pode refletir variações geográficas ou relatórios diferenciais. A obesidade3 era comum e pode ser um fator de risco17 para insuficiência respiratória13, levando à ventilação14 mecânica invasiva.
A porcentagem de pacientes nessa série de casos que receberam ventilação14 mecânica invasiva foi mais de 10 vezes maior que a da China; contribuintes em potencial incluem a doença mais grave nessa coorte18 (uma vez que o teste e a hospitalização nos Estados Unidos são amplamente limitados a pacientes com doença mais grave) e a estratégia de intubação precoce usada nos hospitais em questão. Independentemente disso, a alta demanda por ventilação14 mecânica invasiva tem o potencial de sobrecarregar os recursos hospitalares.
Deterioração ocorreu em muitos pacientes cuja condição anteriormente era estável; quase um terço dos pacientes que receberam ventilação14 mecânica invasiva não precisou de oxigênio suplementar na apresentação. As observações de que os pacientes que receberam ventilação14 mecânica invasiva quase universalmente receberam suporte vasopressor e que muitos também receberam nova terapia renal16 substitutiva sugerem que também é necessário fortalecer os estoques e as cadeias de suprimentos para esses recursos.
Leia sobre "Manifestações gastrointestinais em pacientes com SARS-CoV-2" e "Lesão19 cardíaca associada à mortalidade20 em pacientes com COVID-19".

Fonte: NEJM, publicação em 17 de abril de 2020.

NEWS.MED.BR, 2020. Características clínicas da Covid-19 na cidade de Nova York, EUA. Disponível em: . Acesso em: 7 mai. 2020.

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